04/07/2003

paella

§ Estou aqui com uma baciona de pinhões cozidos. Veja que coisa súlica e inverneira.

§ É pinhão, sim sinhô. Aquela coisa que aquele passarinho pega não-sei-como e enterra não-sei-onde. Bom, como diria o saudoso Chacrinha, eu não estou aqui para explicar. Estou aqui para confundir

§ E quem já não quis ser Chacrete na infância? Você aí, leitora mais nova, bico calado: estou falando com minhas contemporâneas setentíceas. Conheço até homens que, atualmente, confessam ter tido vontade de ser Chacrete.

§ Quem vê as filmagens das moçoilas hoje nem imagina o sucesso que eram, levemente barangas que eram. Mas era empolgante ver o rebolado ouvindo ao wacca-wacca das guitarrinhas setentícias - e aquelas roupas bregas combinavam perfeitamente. Tinha aquela que fez sucesso e entrou para a história chacrídica, a Não-Sei-Quê Cadillac. Famosa, a tal Não-Sei-Quê Cadillac, quem não lembra dela?

§ Eu tenho um tio que é apaixonado pela Não-Sei-Quê Cadillac. Adoraaava a chacrete. Tinha fotos de Não-Sei-Quê Cadillac em todas as paredes, no teto, no chão. Não-Sei-Quê Cadillac pelada, com roupa, de terno, de escafandro, de tudo-quanto-há possível de Não-Sei-Quê Cadillac. Esse meu tio é hippie até hoje, acredita?

§ Esse meu tio é o feliz possuidor de uma bicicleta modelo 1970 roxa, com buzina de apertar, penduricalhos no guidóm e rádio de carro embutido embaixo do banco - parece uma Harley Davidson humilde. Ele que é feliz. Já foi até a Bahia com a bicicleta (mora no sul de minas).

§ Eu não minto! Meu tio diz que também não mente. Explicaria muita coisa saber se maluquice vem no DNA.
É. Talvez seja esse o meu problema: o maldito DNA.

§ Esse meu amigo diz que talvez eu devesse seguir o exemplo de titio e rodar o mundo numa bicicleta, assim iria acabar descobrindo o que quero. O único inconveniente é que titio não descobriu o que quer até hoje. E olha que já está com 70-e-lá-vai-pedrada. Inferno. Pelo menos é magricelo.

§ Jurei que vou parar de fumar aos 30 anos. Que São Judas Tadeu me ajude.

§ Também jurei que ia entrar na natação, pois adoro ficar de molho. Falhô, São Judas me deu as costas.

§ Por que será que conversa de bar sempre começa com frugalidades e termina com salvar-o-mundo? Minto: nem sempre termina nisso. Na verdade, às vezes nem começa. Depende da companhia. E do lugar, também.

§ Dependendo da companhia, pode ser um monólogo e não uma conversa. E isso é boring. Em outros casos, dependendo do lugar, a conversa termina em briga, em beijo ou em salvar-o-mundo/ artes. Salvar-o-mundo ou artes, de maneira geral, quase sempre ocorrem em algum boteco de Barão Geraldo e adjacências. Estatísticas.

§ Por falar em amiguinhos, domingo tem peça do Badaró no Centro Cultural Evolução, em Campinas, não percam. A peça: 'Ensaios Cênicos Sobre o Amor'. Eu estarei lá com a bolsa cheia de perauvamaçã (essa é pra você, Orley!) e ovo, para tacar nele caso ele falhe ou caso eu não dê risada. Vou lá exclusivamente para dar risada, heim, bom...

§ Eu nasci para dar risada, com minha cara de descanso. E sou palhaça. Devia seguir carreira, abandonar tudo e ser palhaça. Meu sonho é ser Doutora da Alegria. Já te contei isso? Pois é, é verdade. Vida sem riso não é vida; é girar em falso, já diria o parafuso espanado.

§ Isso me lembra quando eu era criança pequena lá em Catmandu. Foi assim: tudo começou com um grande BUM! que foi chamado, posteriormente, 'The Big Bang', ou 'O Grande Bum', para os mais simplórios. No sétimo dia ele descansou e criou eu, com cara de descanso, juntamente com as flores de março (mas isso não foi em março, foi em novembro). Chega por hoje.

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