29/02/2004

Tudo o que eu sempre quis ler sobre minhocas e casquinhas:

"Depois da noite, a casca rompeu e pudemos ver tudo o que acontecia lá dentro. Um monte de minhocas coloridas (a vermelha, a vermelha...) saíram rastejando por cima das mil casquinhas - engraçado, eu pensei que eu não teria mais casca e veja só! Agora tenho casquinhas e minhocas. Tenho cascas e minhocas.(...)"

Da Paulinha, escrevendo automaticamente.

16/02/2004

Comendo com café:


Colagem da Luciana - um apetizer;

Montanha-Russa sabor bullar;

Naked Emotions, just for fun;

Sushi Leblon - não parece, mas é um pastel de Santa Clara d'ishtalar a língua;

Zero-Grau, meu gela-güela;

Brusk Não Fala Francês, mas dá um ótimo petit-four.

11/02/2004

Opinião

O pior é o Melhor, por Diogo Mainardi

"Desde cedo, a única meta que eu tinha era ir embora de São Paulo. Fracassei em minha primeira tentativa migratória. Fracassei na segunda. Na terceira, deu certo. Fui embora e nunca mais voltei.
Depois de tantos anos de afastamento, finalmente me reconciliei com a cidade. Aprendi a reconhecer seus méritos. O maior deles, é despertar o sentimento de repulsa em seus habitantes. São Paulo é tão detestável, que somos estimulados a rejeitar nossa origem, a buscar lá fora o que não podemos encontrar aqui dentro.
Parece pouco. Não é. São Paulo não acomoda. Ela nos deixa num permanente estado de insatisfação e precariedade. O paulistano não é apegado a nada. Está sempre de malas prontas, disposto a abandonar oportunisticamente tudo o que lhe pertence: sua cidade, seu país, sua família, suas idéias.
Não temos o sentido de coletividade: não sabemos votar, não sabemos respeitar as regras, não sabemos pensar no próximo, não sabemos cumprir acordos. Em compensação, conseguiríamos nos adaptar com facilidade a um holocausto nuclear. Pena que a perspectiva de um holocausto nuclear seja cada dia mais remota.

A música é o mais importante elemento de identidade nacional. Em São Paulo, a falta de sentido de coletividade nos impediu de desenvolver um estilo musical. Ao contrário do resto do Brasil, não temos ritmos próprios, não temos artistas de peso. Nosso ouvido é duro. Na festa de aniversário da cidade, o melhor que conseguimos apresentar foi o grupo Demônios da Garoa. Caetano Veloso também homenageou a cidade, mas ele não conta, porque é baiano e, sobretudo, porque homenageia qualquer lugar. Ele já homenageou Londres, Barcelona, Nova Iorque, São Francisco e Brasília. Já homenageou até Tel-Aviv. Caetano Veloso é como Lamartine Babo, que escreveu os hinos de todos os times de futebol do Rio de Janeiro.
É uma sorte que São Paulo seja tão pouco musical. A música popular constitui o maior fator de atraso no Brasil. Quanto mais musical é uma região, mais subdesenvolvida ela é. A musicalidade dos brasileiros está diretamente relacionada com as epidemias de leishmaniose, os esgotos a céu aberto, os desmoronamentos de favelas. São Paulo é a cidade mais rica do Brasil simplesmente porque não entende nada de música popular, agora, publicam livros com todas as suas letras. Quem consegue compreender o significado dessas letras nunca irá aprender a construir uma ponte, ou a planejar o escoamento de um milharal, ou a obturar um dente cariado. Um conhecimento anula o outro.
O Brasil se reconhece no sentimentalismo mais ordinário, no verso mais incongruente, na batida mais simplória. Nos foi ensinado que a música nos ajudou a resistir a todos os tipos de autoritarismo. Mentira. A música é um instrumento de dominação. Tanto que todos os partidos políticos criam seus sambinhas para o horário eleitoral. Se até o PTB tem seu sambinha, é sinal de que há algo errado na MPB.

São Paulo é a pior cidade do Brasil. Mas nós, paulistanos, até que temos a nossa graça: não levamos jeito para a música, o que nos torna, tudo somado, um pouco menos brasileiros."


Fazendo cidade.

Rob Gonsalves - Scenery Change

05/02/2004

com os pés na mobília

Não me recriminem.
Eu nunca prometi constância nem qualidade.
Este site é um passa-tempo.
Entro e saio de casa e já não há mais chá no bule (só café - café NUNCA faltará). Aqui é como casa de vó no interior: entra sem bater, bebe e come sem pedir e vai embora. Tem quem fique para dormir, mas aí já são outros quinhentos. Para quem não tem vó no interior, pense num alberque para moradores de rua. Tudo espalhado, portão sem trava, porta sem maçaneta, sopão na canequinha. Todo mundo pode, livremente. A diferença é que, ocasionalmente, sai um filé na chapa. O CA SI O NAL MEN TE, para não gastar verba, nem desabar na fadiga.
Então.
Por enquanto, só sopão com café.