A volta do surrealismo
No Brasil dos anos 20 e 60, marcado por ditaduras, o Surrealismo permaneceu no obscurantismo, quase que unicamente como técnica artística. Mas ocorreu.
Atualmente, a indústria cultural de todo o mundo vem absorvendo obsessivamente elementos do sonho, do inconsciente e da fragmentação - denúncia da retomada do movimento. A propaganda é um dos veículos que mais vêm aderindo aos conceitos surrealistas, utilizando imagens do inconsciente coletivo como forma de atingir o grande público , através dos diversos meios de comunicação, sobretudo os MCM (Meios de Comunicação em Massa).
Abaixo, exemplos de anúncios surrealistas.
Anúncio da Renault, com o slogan 'O carro de quem faz a moda' - agência Master.
Anúncio do S.O.S Mata Atlântica, com o slogan 'Eu vi as árvores que você cortou' - agência Age.
O cartaz londrino, com olhos onipresentes e o slogan que diz algo como 'Segurança graças aos Olhos Vigilantes', tem a intenção de propagandear mais segurança, numa alusão ao 1984, de George Orwell.
30/11/2002
29/11/2002
*Breton: pai e fundador do movimento Surrealista, autor do Manifesto do Surrealismo. Sua alucinada abordagem da poesia surgiu como uma reação contra as acomodadas convenções literárias de Paris, nos anos 20. Breton e seus amigos pretendiam transformar o caos e a desordem em formas de expressão.
Conseguiram.
24/11/2002
Coloco isso aqui para que me lembre mais tarde, quando o tempo nublar, de que devo dar mais valor para a simplicidade.
Os pensamentos complexos são frustrantes à medida em que trazem dúvidas. E, com as dúvidas, as preocupações. As coisas simples não: elas trazem as respostas nelas mesmas. Felicidade é simplicidade.
Os índios tem por base a simplicidade e encontram a alegria da vida. E nesta vida existem apenas duas coisinhas que devemos ter sempre em mente:
1º: Não devemos nos preocupar com coisas pequenas.
2º: Tudo é pequeno.
Agora chega de postar. Tenho que ir ali, tomar um suco de acerola, jogar conversa fora, que hoje é domingo.
Os pensamentos complexos são frustrantes à medida em que trazem dúvidas. E, com as dúvidas, as preocupações. As coisas simples não: elas trazem as respostas nelas mesmas. Felicidade é simplicidade.
Os índios tem por base a simplicidade e encontram a alegria da vida. E nesta vida existem apenas duas coisinhas que devemos ter sempre em mente:
1º: Não devemos nos preocupar com coisas pequenas.
2º: Tudo é pequeno.
Agora chega de postar. Tenho que ir ali, tomar um suco de acerola, jogar conversa fora, que hoje é domingo.
23/11/2002
Estou só de passagem.
Passei para deixar um beijo nos amigos.
E um beijo nos colegas, e conhecidos.
E um beijo nos que cegam em arrogância.
Um ósculo nos que têm sua dó de si mesmos.
Aquele abraço apertado naqueles que permanecem em resignação, camuflados sob sorrisos falso, que não podem ser desmascarados, pois que isso significaria desmascarar a própria imagem falsa refletida.
Um beijão nas pessoas que não gostam de se olhar no espelho, nem de falar sozinhas.
Naquelas que perguntam quem são, e para onde estão indo.
Enfim, um beijo em cada espinho, ainda que signifiquem a impossibilidade de perceber na rosa também o perfume.
Estou só passando, já que nada fica, além do que queremos ver ficando.
Cris
Passei para deixar um beijo nos amigos.
E um beijo nos colegas, e conhecidos.
E um beijo nos que cegam em arrogância.
Um ósculo nos que têm sua dó de si mesmos.
Aquele abraço apertado naqueles que permanecem em resignação, camuflados sob sorrisos falso, que não podem ser desmascarados, pois que isso significaria desmascarar a própria imagem falsa refletida.
Um beijão nas pessoas que não gostam de se olhar no espelho, nem de falar sozinhas.
Naquelas que perguntam quem são, e para onde estão indo.
Enfim, um beijo em cada espinho, ainda que signifiquem a impossibilidade de perceber na rosa também o perfume.
Estou só passando, já que nada fica, além do que queremos ver ficando.
Cris
22/11/2002
Descobri o poço das danaides da alegria: o CD Alma Caribeña, de Gloria Estefan.
Diego Rivera, Baile En Tehauntepec
(Faço uma comparação da importância cultural do movimento muralista mexicano - criado por Rivera, José Clemente Orosco e David Alfaros Siquieros - com o modernismo brasileiro de Semana da Arte Moderna. Assim como nossos modernistas, Rivera lutou pelo resgate da raiz cultural de sua gente, e pela popularização da arte, como bem de todos.)
Diego Rivera, Baile En Tehauntepec
(Faço uma comparação da importância cultural do movimento muralista mexicano - criado por Rivera, José Clemente Orosco e David Alfaros Siquieros - com o modernismo brasileiro de Semana da Arte Moderna. Assim como nossos modernistas, Rivera lutou pelo resgate da raiz cultural de sua gente, e pela popularização da arte, como bem de todos.)
21/11/2002
Que piada...
Eu, que queria me jogar de cabeça no cirenaísmo de Aristipo, me vejo agora forçada a dissecar o positivismo de Comte...
QUERO FÉRIAS J Á !
E por falar em epistemologia, deixo aqui meu 'oi' para o querido pocket philosopher, que, não contente com o calor humano e boa-vida cariocas, foi parar no Maranhão, tomar um cocktail de filosofia com duas doses de Alca. Coraaaagem! O que mais poderia se esperar de um filósofo?! Quando o senhor voltar, há de encontrar-me como um protótipo de hedonista, munida de Daikiris, cigarros de cravo e, se tudo correr bem, muita areia no biquini! Piada...
Eu, que queria me jogar de cabeça no cirenaísmo de Aristipo, me vejo agora forçada a dissecar o positivismo de Comte...
QUERO FÉRIAS J Á !
E por falar em epistemologia, deixo aqui meu 'oi' para o querido pocket philosopher, que, não contente com o calor humano e boa-vida cariocas, foi parar no Maranhão, tomar um cocktail de filosofia com duas doses de Alca. Coraaaagem! O que mais poderia se esperar de um filósofo?! Quando o senhor voltar, há de encontrar-me como um protótipo de hedonista, munida de Daikiris, cigarros de cravo e, se tudo correr bem, muita areia no biquini! Piada...
Lendo os posts dos meus voyers, descobri dentre eles um que não deseja se identificar (intrigante isso, neste meio...), e, por isso, se intitula "um meu observador".
Muito bem. Esta pessoa fez um comentário interessante acerca do modo como disserto minha vidinha, enquadrando-me no time dos simbolistas. Isso me picou.
Não pela colocação, mas porque ontem, conversando com um amigo sobre meu b log, percebi que estou passando por uma fase de extremo umbiguismo. E, como se não bastasse, fechada num pessimismo, que converge com meu budismo latente, segundo o qual o mundo inteiro é ilusão e dor. E fico assim, rolando um desfile de imagens ocas, miragens do nada. E no meio do chit-chat, me ocorreu um pensamento: "estou muito Pessanha".
.........
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
(Alphonsus Guimaraens, poeta mineiro, simbolista)
.........
Muito bem. Esta pessoa fez um comentário interessante acerca do modo como disserto minha vidinha, enquadrando-me no time dos simbolistas. Isso me picou.
Não pela colocação, mas porque ontem, conversando com um amigo sobre meu b log, percebi que estou passando por uma fase de extremo umbiguismo. E, como se não bastasse, fechada num pessimismo, que converge com meu budismo latente, segundo o qual o mundo inteiro é ilusão e dor. E fico assim, rolando um desfile de imagens ocas, miragens do nada. E no meio do chit-chat, me ocorreu um pensamento: "estou muito Pessanha".
.........
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
(Alphonsus Guimaraens, poeta mineiro, simbolista)
.........
Ter b log é algo engraçado.
Um belo dia, você começa a escrever suas coisinhas, publicar seus sentimentozinhos e pensamentozinhos, e zup! É descoberto por todo um complexo de almas. Um mundo de pessoas que nunca viu pela frente mas que, aos poucos, passam a interagir e acompanhar tudo quanto for escrito.
Um belo dia, você começa a escrever suas coisinhas, publicar seus sentimentozinhos e pensamentozinhos, e zup! É descoberto por todo um complexo de almas. Um mundo de pessoas que nunca viu pela frente mas que, aos poucos, passam a interagir e acompanhar tudo quanto for escrito.
19/11/2002
18/11/2002
Aliás, não é só minha soul sister que possui esta incrível habilidade de me fazer cócegas na massa encefálica. Tem também meu virtual fiancée, die Farbigesockefrau*, e até um certo doutor, quando não está muito revoltado...
*Gostou do neologismo germânico, Dea? Adivinha: fui eu que fiz... hehehe...
*Gostou do neologismo germânico, Dea? Adivinha: fui eu que fiz... hehehe...
Esqueci-me de dizer algo:
Dizem que alegria atrai coisas boas, naquele papo de pensamento positivo*. Nunca vi resultados tão rápidos!
*Típico da minha peixinha predileta.
Dizem que alegria atrai coisas boas, naquele papo de pensamento positivo*. Nunca vi resultados tão rápidos!
*Típico da minha peixinha predileta.
Pausa na correria. Já bati o record de entradas e saídas de casa num único dia - e olha que ele nem acabou...
Para quem mora na região de Campinas: dêem uma olhada pela janela. Já viram tantas cores?
Poisé, o sol está de olhos arregalados hoje. Bem diferente dos últimos dias, em que esteve tímido e choroso.
Claridade a 100%, cores espalhafatosas no jardim, calor irradiado, uma brisa fresquíssima, toda gay*, correndo por aí, fazendo rodopios. E a nuvem de proporções oceânicas que vem chegando a bombordo, anunciando um pé d'agua daqueles. Belíssimo.
*Oi, Dudaaa! Lembrei-me do senhor.
Nota: Fui interrompida no momento em que escrevia este post, com a chegada de uma 'encomenda': sacolinha classuda da Kopenhagen, recheada de bombons de cereja ao marasquino e um simpático cartão de aniversário. Assinado: Deny, Marcelão e Tathy.
Nem preciso dizer que as cores do dia triplicaram...
Para quem mora na região de Campinas: dêem uma olhada pela janela. Já viram tantas cores?
Poisé, o sol está de olhos arregalados hoje. Bem diferente dos últimos dias, em que esteve tímido e choroso.
Claridade a 100%, cores espalhafatosas no jardim, calor irradiado, uma brisa fresquíssima, toda gay*, correndo por aí, fazendo rodopios. E a nuvem de proporções oceânicas que vem chegando a bombordo, anunciando um pé d'agua daqueles. Belíssimo.
*Oi, Dudaaa! Lembrei-me do senhor.
Nota: Fui interrompida no momento em que escrevia este post, com a chegada de uma 'encomenda': sacolinha classuda da Kopenhagen, recheada de bombons de cereja ao marasquino e um simpático cartão de aniversário. Assinado: Deny, Marcelão e Tathy.
Nem preciso dizer que as cores do dia triplicaram...
16/11/2002
Tilím, tilím, tiím... Chuva de dias, que cai ainda hoje. O céu roxo-azulado, um friozinho intradérmico que invade calado e vai arranhar os ossos. E acaba por trazer essa sonolência arrastada, embriaguês, pensamentos vesgos. Nem tristeza, nem euforia, nem 8, 80, -8... Fica no zero, o tempo mudo, passando de olhos fechados e passos largos.
Problemas e esquecimentos. Cinza e branco...
...
Bom. Pelo menos tiro a barriga da miséria, assistindo enlatadinhos norteamericanos - um sonho que vem de longe: assistir seriados confortavelmente instalada no tapete, com minha gata, almofadas só para mim e comendo laranja com sal, que eu adoro. Enfim sós, Kitty... Eita, vida besta deliciosa...
Problemas e esquecimentos. Cinza e branco...
...
Bom. Pelo menos tiro a barriga da miséria, assistindo enlatadinhos norteamericanos - um sonho que vem de longe: assistir seriados confortavelmente instalada no tapete, com minha gata, almofadas só para mim e comendo laranja com sal, que eu adoro. Enfim sós, Kitty... Eita, vida besta deliciosa...
15/11/2002
A PALAVRA DA HORA É
F O D A - S E
Digna de menção honrosa, de efeito anti-asfixiante, salvadora em situações depreciativas ou extenuantes. Merece um hino, uma ode, um poema.
(Pata, essa é tiro e queda. Bote fé...)
F O D A - S E
Digna de menção honrosa, de efeito anti-asfixiante, salvadora em situações depreciativas ou extenuantes. Merece um hino, uma ode, um poema.
(Pata, essa é tiro e queda. Bote fé...)
14/11/2002
Graça de Apreciar
Não vem com dança sorumbática hipnótica. Não existe caminho ascendente, senão a descida do meu abismo.
. . .
Não posso deixar de entrar com esta observação, aqui: hoje é meu dia de rodar o cronômetro anual. E agradeço a todos os amigos, colegas e conhecidos que lembraram e desejaram felicidades: vocês rechearam este meu dia - e todos os outros, passados e vindouros - com muito prazer e felicidade!
Não vem com dança sorumbática hipnótica. Não existe caminho ascendente, senão a descida do meu abismo.
. . .
Não posso deixar de entrar com esta observação, aqui: hoje é meu dia de rodar o cronômetro anual. E agradeço a todos os amigos, colegas e conhecidos que lembraram e desejaram felicidades: vocês rechearam este meu dia - e todos os outros, passados e vindouros - com muito prazer e felicidade!
10/11/2002
Para meu querido amigo, em homenagem:
______________________________________Um Beijo
_______________________Um minuto o nosso beijo
______________________Um só minuto; no entanto
_________________________Nesse minuto de beijo
__________________Quantos segundos de espanto!
_________________Quantas mães e esposas loucas
____________________Pelo drama de um momento
_____________________Quantos milhares de bocas
________________________Uivando de sofrimento!
____________________Quantas crianças nascendo
_______________________Para morrer em seguida
_____________________Quanta carne se rompendo
_______________________Quanta morte pela vida!
_____________________Quantos adeuses efêmeros
_______________________Tornados o último adeus
_________________Quantas tíbias, quantos fêmures
_______________________Quanta loucura de Deus!
_____________________Que mundo de mal-amadas
____________________Com as esperanças perdidas
______________________Que cardume de afogadas
________________________Que pomar de suicidas!
__________________Que mar de entranhas correndo
________________________De corpos desfalecidos
___________________Que choque de trens horrendo
______________________Quantos mortos e feridos!
________________________Que dízima de doentes
____________________Recebendo a extrema-unção
______________________Quanto sangue derramado
________________________Dentro do meu coração!
________________________Quanto cadáver sozinho
_______________________Em mesa de necrotério
______________________Quanta morte sem carinho
______________________Quanto canhenho funéreo!
_____________________Que plantel de prisioneiros
_____________________Tendo as unhas arrancadas
_____________________Quantos beijos derradeiros
___________________Quantos mortos nas estradas!
________________________Que safra de uxoricidas
________________________A bala, a punhal, a mão
______________________Quantas mulheres batidas
______________________Quantos dentes pelo chão!
_______________________Que monte de nascituros
__________________________Atirados nos baldios
____________________Quantos fetos nos monturos
______________________Quanta placenta nos rios!
_____________________Quantos mortos pela frente
_______________________Quantos mortos a traição
_____________________Quantos mortos de repente
_____________________Quantos mortos sem razão!
_____________________Quanto câncer sub-reptício
________________________Cujo amanhã será tarde
_______________________Quanta tara, quanto vício
____________________Quanto enfarte do miocárdio
____________________Quanto medo, quanto pranto
____________________Quanta paixão, quanto luto!...
_________________________Tudo isso pelo encanto
______________________Desse beijo de um minuto
__________________Mas que cria em seu transporte
_____________________De um minuto, a eternidade
_______________________E a vida, de tanta morte.
_____________________(Vinícius de Moraes, 18/03/1958)
Vamos, Du, sair correndo por aí, esquecer um pouco o drama humano? Não combina com a nossa pele fina...
______________________________________Um Beijo
_______________________Um minuto o nosso beijo
______________________Um só minuto; no entanto
_________________________Nesse minuto de beijo
__________________Quantos segundos de espanto!
_________________Quantas mães e esposas loucas
____________________Pelo drama de um momento
_____________________Quantos milhares de bocas
________________________Uivando de sofrimento!
____________________Quantas crianças nascendo
_______________________Para morrer em seguida
_____________________Quanta carne se rompendo
_______________________Quanta morte pela vida!
_____________________Quantos adeuses efêmeros
_______________________Tornados o último adeus
_________________Quantas tíbias, quantos fêmures
_______________________Quanta loucura de Deus!
_____________________Que mundo de mal-amadas
____________________Com as esperanças perdidas
______________________Que cardume de afogadas
________________________Que pomar de suicidas!
__________________Que mar de entranhas correndo
________________________De corpos desfalecidos
___________________Que choque de trens horrendo
______________________Quantos mortos e feridos!
________________________Que dízima de doentes
____________________Recebendo a extrema-unção
______________________Quanto sangue derramado
________________________Dentro do meu coração!
________________________Quanto cadáver sozinho
_______________________Em mesa de necrotério
______________________Quanta morte sem carinho
______________________Quanto canhenho funéreo!
_____________________Que plantel de prisioneiros
_____________________Tendo as unhas arrancadas
_____________________Quantos beijos derradeiros
___________________Quantos mortos nas estradas!
________________________Que safra de uxoricidas
________________________A bala, a punhal, a mão
______________________Quantas mulheres batidas
______________________Quantos dentes pelo chão!
_______________________Que monte de nascituros
__________________________Atirados nos baldios
____________________Quantos fetos nos monturos
______________________Quanta placenta nos rios!
_____________________Quantos mortos pela frente
_______________________Quantos mortos a traição
_____________________Quantos mortos de repente
_____________________Quantos mortos sem razão!
_____________________Quanto câncer sub-reptício
________________________Cujo amanhã será tarde
_______________________Quanta tara, quanto vício
____________________Quanto enfarte do miocárdio
____________________Quanto medo, quanto pranto
____________________Quanta paixão, quanto luto!...
_________________________Tudo isso pelo encanto
______________________Desse beijo de um minuto
__________________Mas que cria em seu transporte
_____________________De um minuto, a eternidade
_______________________E a vida, de tanta morte.
_____________________(Vinícius de Moraes, 18/03/1958)
Vamos, Du, sair correndo por aí, esquecer um pouco o drama humano? Não combina com a nossa pele fina...
09/11/2002
Do fim da insônia:
Não vou mais reclamar de insônia.
Esta noite dormi muito. Dormi e sonhei. Tive um sonho fantástico. Sonhei que era uma entidade indu, e minha pele brilhava, azul-prateada. Tinha correntes de ouro, braceletes, faixas de setim vermelho como roupa. E montava um elefante enorme, igualmente adornado, a cabeça do tamanho de um carro. Corria num corredor largo, atrás de outras entidades, negras, com enormes dentres brancos e bocas vermelhas. Assistindo a perseguissão, Deuses azuis me glorificavam, jogando flores, enquanto, de outro lado, vultos negros cuspiam.
Num dado momento, meu elefante parou de correr. Ele encostou a cabeça no chão, para que eu descesse. Desci e parei frente à frente com as sombras que perseguia.
Arranquei flores de meu colar e joguei sobre elas. Elas permaneceram imóveis, enquanto voltava a montar meu elefante gigantesco. De cima de seu pescoço, via a todos, azuis e negros. Todos passaram a jogar flores e cantar uma melodia, que só poderia vir de um sonho - sublime, em uníssono. Dei meia volta e parti.
Não vou mais reclamar de insônia.
Esta noite dormi muito. Dormi e sonhei. Tive um sonho fantástico. Sonhei que era uma entidade indu, e minha pele brilhava, azul-prateada. Tinha correntes de ouro, braceletes, faixas de setim vermelho como roupa. E montava um elefante enorme, igualmente adornado, a cabeça do tamanho de um carro. Corria num corredor largo, atrás de outras entidades, negras, com enormes dentres brancos e bocas vermelhas. Assistindo a perseguissão, Deuses azuis me glorificavam, jogando flores, enquanto, de outro lado, vultos negros cuspiam.
Num dado momento, meu elefante parou de correr. Ele encostou a cabeça no chão, para que eu descesse. Desci e parei frente à frente com as sombras que perseguia.
Arranquei flores de meu colar e joguei sobre elas. Elas permaneceram imóveis, enquanto voltava a montar meu elefante gigantesco. De cima de seu pescoço, via a todos, azuis e negros. Todos passaram a jogar flores e cantar uma melodia, que só poderia vir de um sonho - sublime, em uníssono. Dei meia volta e parti.
Notícias Minhas:
»Fui muito bem na prova de epistemologia. Nem precisei usar os conhecimentos apreendidos no Sumário do Tratado da Natureza Humana (empréstimo de meu caro pocket philosopher): a prova foi - pasme - de múltipla escolha...
»Por falar no pocket philosopher: ele resolveu levar seu ceticismo para passear e foi filosofar no Rio de Janeiro. Ficarei de bolsos vazios até God-knows-when. Pior: sem o amigo-morcego das madrugadas...
»Reta final no mundo acadêmico: este 1º ano já durou o que tinha que durar, eu quero férias.
...
dialética
é claro que a vida é boa
e a alegria, a única indizível emoção
é claro que eu te acho lindo
e em ti bendigo o amor das coisas simples
é claro que te amo
e tenho tudo para ser feliz
mas acontece que sou triste...
(Vinícius de Moraes)
Como havia dito para alguém, um dia desses (e, talvez, plagiando de algum lugar): alguns nasceram para serem felizes. Outros, para pensar.
Penso, logo acinzento...
»Fui muito bem na prova de epistemologia. Nem precisei usar os conhecimentos apreendidos no Sumário do Tratado da Natureza Humana (empréstimo de meu caro pocket philosopher): a prova foi - pasme - de múltipla escolha...
»Por falar no pocket philosopher: ele resolveu levar seu ceticismo para passear e foi filosofar no Rio de Janeiro. Ficarei de bolsos vazios até God-knows-when. Pior: sem o amigo-morcego das madrugadas...
»Reta final no mundo acadêmico: este 1º ano já durou o que tinha que durar, eu quero férias.
...
dialética
é claro que a vida é boa
e a alegria, a única indizível emoção
é claro que eu te acho lindo
e em ti bendigo o amor das coisas simples
é claro que te amo
e tenho tudo para ser feliz
mas acontece que sou triste...
(Vinícius de Moraes)
Como havia dito para alguém, um dia desses (e, talvez, plagiando de algum lugar): alguns nasceram para serem felizes. Outros, para pensar.
Penso, logo acinzento...
04/11/2002
a u t o e s c o l a
l i ç ã o 1
o amor incondicional pelo ser humano é demodê - caiu em desuso já nos tempos de Cristo.
l i ç ã o 2
humildade em excesso é considerada defeito dos mais graves pela sociedade, sobretudo para o humilde.
l i ç ã o 3
cultivar o caos apenas resultará na proliferação do mesmo. e nada além disso.
l i ç ã o 1
o amor incondicional pelo ser humano é demodê - caiu em desuso já nos tempos de Cristo.
l i ç ã o 2
humildade em excesso é considerada defeito dos mais graves pela sociedade, sobretudo para o humilde.
l i ç ã o 3
cultivar o caos apenas resultará na proliferação do mesmo. e nada além disso.
03/11/2002
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