Sabiá (inglês)
Olha Maria (instrumental)
Esse baixel nas praias derrotado
Foi nas ondas Narciso presumido;
Esse farol nos céus escurecido
Foi do monte libré, gala do prado.
Esse nácar em cinzas desatado
Foi vistoso pavão de Abril florido;
Esse Estio em Vesúvios encendido
Foi Zéfiro suave, em doce agrado.
Se a nau, o Sol, a rosa, a Primavera
Estrago, eclipse, cinza, ardor cruel
Sentem nos auges de um alento vago,
Olha, cego mortal, e considera
Que és rosa, Primavera, Sol, baixel,
Para ser cinza, eclipse, incêndio, estrago.
(Francisco de Vasconcelos (1665-1723), Fenix Renascida III)
(St. Michel, Eclipse)
Contribuição poética:
Dia após dia rasga o céu negro cometa
Meu coração batuca ao sol d'anti-matéria
Lusco no fusco de africânica Sibéria
Festa que escorre em sumo as frestas do planeta.
Do núcleo ardente à longa calda ensolarada
Noite após noite, meio-dia, a céu aberto
Quero-te a raça, mon amour, tê-la por perto
Tinge-me duma sintilante Madrugada.
Que tua cor me corresponda à flor da pele
Se tanto enfim me conceder o engenho e arte
Roubo-te o coração, deusa da minha rua.
Presumo apenas o melhor, madamoisele
Se não puder preta, por ti, chegar a Marte
Me refugio no lado escuro da Lua.
(Carlos Saraiva, sem título)
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