Dialoguinho
Du: Ó de casa!
Cris: Olá, tudo em riba? Reparou na minha testa fritada? Vermeio-sinalêro.
Du: Pensa o que que só porque é brasileira-persa que é mulata para tomar sol sem protetor?
Cris: Falhei.
Du: Em que parte do nosso augusto litoral Vossa alteza andou tostando a fronte?
Cris: Fritei-me na cercania de Ubachuva-do-Norte
Du: Que é isso? Um recanto campinóide?
Cris: Omessa, folgo em não ser, jamais pisaria em vil local.
Du: Perquê vossa mercê evita tais logradouros?
Cris: Só vou para remessar endívias ao vento, quereis isso?
Du: Toda crítica é bem vinda, mesmo que leguminosa.
Cris: E endívia lá é leguma, ignaro??
Du: Vossa mercê esta menoscabando de meu léxico?
Cris: De quando em vez. Afinal, quem é a sirigaita dos folguedos?
Du: A melhor amiga de minha adorada futura esposa.
Cris: Neste ambiente negriscuro, aposto o hálux que era fornicação.
Du: Devo dizer-lhe que minha discrição impede-me de propalar tais venturas...
Cris: Abusaste da dama! Reportarei aos 4 ventos.
Du: A digníssima ao meu lado já foi minha consorte, porém hoje tenho-a como confidente, somente deixando para trás os folgedos de alcova...
Cris: Ai de mim a ouvir petas! Ainda fornicam à contento, só os tolos deglutem esta lorota.
Du: Se continuares descabidamente a duvidar de minha palavra, defenestro-te...
Cris: Não há janelas em casa mia. Doidivanas. Cadê o Godofredo? Que é do Godofredo?
Du: Godofredo?
Cris: Seu cachorrinho, o Godofredo...
Du: O Boomer?
Cris: Isso, o Godofredo.
Du: Vai dormir lá fora hoje.
Cris: Que fez para merecer tal descaso?
Du: Teve um embate com um marsupial ...
Cris: HAHAHAHA! Típico do godofredo...
Du: Vou ter que dar banho com molho de tomate nele amanhã. Bom, vou-me, agora.
Cris: Já vai tarde.
Du: Até outra, a próxima.
Cris: Até-la.
28/10/2003
26/09/2003
Conforme o prometido no post do dia 23 de Maio (entitulado Música e Surrealismo) e atendendo aos pedidos do meu caro leitor e entusiasta surrealista, o senhor Linguado, volto hoje com outro tema, igualmente desconhecido e olvidado pela maioria:
Arquitetura e Surrealismo
Assim como a arquitetura é um tipo de junção da engenharia com a arte, Antoni Gaudí promoveu a fusão da arquitetura Art Nouveau, o Gótico e o Surrealismo. É possível? E como é possível! Os repertórios utilizáveis da arquitetura estão intimamente relacionados com a arte, a filosofia, a ciência e a contínua evolução da sociedade, de modo que, mais uma vez, podemos encontrar o surrealismo lançando seus nubívagos braços também na arquitetura e urbanismo.
Casa Batlló - seus balcões parecem semoventes. Chaminés engraçadas e telhado ondulado. (Comparem à casa ao lado, que segue os padrões gerais encontrados em centros de cidades.)
Sagrada Família - Cinco torres da mais famosa construção de Gaudi - a catedral Sagrada Família, em Barcelona. Note o cipreste (um dos símbolos do cristianismo) talhado em pedra, ao centro, com pombas, representando os espíritos santos, alinhadas a ele - tudo em pedra.
Sagrada Família - Detalhes: Gárgulas em forma de iguana...
...e em forma de caracóis.
Casa Milà, La pedrera.
Casa Milà, La pedrera - Detalhe: reparem nas formas do balcão e as ferragens.
Arquitetura e Surrealismo
Assim como a arquitetura é um tipo de junção da engenharia com a arte, Antoni Gaudí promoveu a fusão da arquitetura Art Nouveau, o Gótico e o Surrealismo. É possível? E como é possível! Os repertórios utilizáveis da arquitetura estão intimamente relacionados com a arte, a filosofia, a ciência e a contínua evolução da sociedade, de modo que, mais uma vez, podemos encontrar o surrealismo lançando seus nubívagos braços também na arquitetura e urbanismo.
Casa Batlló - seus balcões parecem semoventes. Chaminés engraçadas e telhado ondulado. (Comparem à casa ao lado, que segue os padrões gerais encontrados em centros de cidades.)
Sagrada Família - Cinco torres da mais famosa construção de Gaudi - a catedral Sagrada Família, em Barcelona. Note o cipreste (um dos símbolos do cristianismo) talhado em pedra, ao centro, com pombas, representando os espíritos santos, alinhadas a ele - tudo em pedra.
Sagrada Família - Detalhes: Gárgulas em forma de iguana...
...e em forma de caracóis.
Casa Milà, La pedrera.
Casa Milà, La pedrera - Detalhe: reparem nas formas do balcão e as ferragens.
Mensão Honrosa ao Gênero Insone:
Expulso a punção de mim
e me pergunto o que sobra
de tantas cinzas,
de tanto cinza...
Nada mais é sequer vermelho.
ou
Da pressão interna,
as entranhas em revolução.
E mordo o lábio inferior
- escorre sangue em meus dentes.
Os olhos fecham repetitiva e lentamente...
No ritmo frenético de estocadas.
O corpo todo treme em ânsia...
"and then it's nice and quiet".
Expulso a punção de mim
e me pergunto o que sobra
de tantas cinzas,
de tanto cinza...
Nada mais é sequer vermelho.
ou
Da pressão interna,
as entranhas em revolução.
E mordo o lábio inferior
- escorre sangue em meus dentes.
Os olhos fecham repetitiva e lentamente...
No ritmo frenético de estocadas.
O corpo todo treme em ânsia...
"and then it's nice and quiet".
09/09/2003
Do Fantasma
Apareceu.
Olhei. Olhei.
Falou:
- Desculpe. Não sabia que podia me ver.
- O que você quer?
- Nada. Estava só vendo como vão as coisas. Como vão as coisas?
- Vão indo. E você?
- Bem.
- Por que você resolveu assombrar?
- Não era esta minha intenção, apenas observava...
- Mas a sua visão me causa espanto.
- Sim...
- Por que você não some logo de uma vez? Por que vem aqui?
- Não sei, acho que não consegui me desligar.
- Mas como você pode ter ido embora e estar aqui ainda?
- Não sei.
- Desculpa, mas preferia que você sumisse. Eu não sei se vou conseguir conviver com você. Não é nada pessoal, só me deixa um pouco sufocada, meio confusa.
- Sei. É que está meio difícil seguir meu caminho. Temos um vínculo.
- Mas você se foi. Como pode ser? Não queria ter ido?
- Queria, mas...
- Me desculpe, mas não sei o que eu posso fazer. Se pudesse trazer de volta, faria com o maior prazer. Mas não sei. Posso trazê-lo de volta?
- Não, creio que não.
- Então o que faço?
- Mate-me.
- Como?
- Julgue-me e condene-me.
- Não posso, não detenho este poder. Lamento.
- Idiota.
- ...
- Nós não deixamos de lado nossas loucuras quando nos afantasmamos.
- Vai assombrar outra pessoa. Você pode.
- Podia, mas acho que é assim, como uma compulsão - quando vejo, já estou aqui.
- Então se desfantasma. Você pode?
- Poder eu posso. Não sei se quero.
- Eu não quero você afantasmado. Ou você se desfantasma, ou então vai pro inferno.
- Preferia ficar. Lá vou sentir vazio.
- Só vou ficar eu. Quem vai querer estar comigo com você por aqui? As pessoas vão ter medo. Longe daqui deve ter outros como você, vocês se farão companhia.
Sumiu como tinha aparecido, mas depois voltou.
Fiz que não o via, parecia meio confuso.
Achei que o melhor seria deixá-lo crer que não via.
Apareceu.
Olhei. Olhei.
Falou:
- Desculpe. Não sabia que podia me ver.
- O que você quer?
- Nada. Estava só vendo como vão as coisas. Como vão as coisas?
- Vão indo. E você?
- Bem.
- Por que você resolveu assombrar?
- Não era esta minha intenção, apenas observava...
- Mas a sua visão me causa espanto.
- Sim...
- Por que você não some logo de uma vez? Por que vem aqui?
- Não sei, acho que não consegui me desligar.
- Mas como você pode ter ido embora e estar aqui ainda?
- Não sei.
- Desculpa, mas preferia que você sumisse. Eu não sei se vou conseguir conviver com você. Não é nada pessoal, só me deixa um pouco sufocada, meio confusa.
- Sei. É que está meio difícil seguir meu caminho. Temos um vínculo.
- Mas você se foi. Como pode ser? Não queria ter ido?
- Queria, mas...
- Me desculpe, mas não sei o que eu posso fazer. Se pudesse trazer de volta, faria com o maior prazer. Mas não sei. Posso trazê-lo de volta?
- Não, creio que não.
- Então o que faço?
- Mate-me.
- Como?
- Julgue-me e condene-me.
- Não posso, não detenho este poder. Lamento.
- Idiota.
- ...
- Nós não deixamos de lado nossas loucuras quando nos afantasmamos.
- Vai assombrar outra pessoa. Você pode.
- Podia, mas acho que é assim, como uma compulsão - quando vejo, já estou aqui.
- Então se desfantasma. Você pode?
- Poder eu posso. Não sei se quero.
- Eu não quero você afantasmado. Ou você se desfantasma, ou então vai pro inferno.
- Preferia ficar. Lá vou sentir vazio.
- Só vou ficar eu. Quem vai querer estar comigo com você por aqui? As pessoas vão ter medo. Longe daqui deve ter outros como você, vocês se farão companhia.
Sumiu como tinha aparecido, mas depois voltou.
Fiz que não o via, parecia meio confuso.
Achei que o melhor seria deixá-lo crer que não via.
02/08/2003
Exmo. Sr. Carlos Saraiva, em resposta ao post anterior:
Tietê
O rio da minha aldeia
carrega meias de nylon
recolhe pernas sem meia
cabeças de degolados
pets, cascas de ferida
latinhas do feriado
fatos de porco, barracos
álbuns de fotografia
revólver de justiceiros
cadáveres desovados
sobras dos lixos do dia
mijos de dias inteiros
febre das disenterias.
Infecto-contagioso
é meu amor pelo rio
o rio da minha aldeia
que leva meias de seda
recolhe pés sem sapato
ribeirões de celulose
corações despedaçados
fígados desintegrados
pela hepatite e a cirrose.
O rio da minha aldeia
que a cada curva da estrada
entorpece-me as narinas
de emocional overdose
inspira tudo o que crio
aniquilando-me o olfato
podridão que me socorre
só corre nas minhas veias
providente e permissivo
me embebeda do seu porre
vai em frente, mata e morre
pra que eu continue vivo.
Tietê
O rio da minha aldeia
carrega meias de nylon
recolhe pernas sem meia
cabeças de degolados
pets, cascas de ferida
latinhas do feriado
fatos de porco, barracos
álbuns de fotografia
revólver de justiceiros
cadáveres desovados
sobras dos lixos do dia
mijos de dias inteiros
febre das disenterias.
Infecto-contagioso
é meu amor pelo rio
o rio da minha aldeia
que leva meias de seda
recolhe pés sem sapato
ribeirões de celulose
corações despedaçados
fígados desintegrados
pela hepatite e a cirrose.
O rio da minha aldeia
que a cada curva da estrada
entorpece-me as narinas
de emocional overdose
inspira tudo o que crio
aniquilando-me o olfato
podridão que me socorre
só corre nas minhas veias
providente e permissivo
me embebeda do seu porre
vai em frente, mata e morre
pra que eu continue vivo.
25/07/2003
O V e l h o S o f i s t a
Sentarei em meu sólio,
solinharei as estruturas vigentes
e imporei meu solipsismo.
Depois, permanecerei solitário,
balbuciando meu solilóquio.
Solitária é a sina dos ditadores solertes.
.
Em tempo:
"Se, a longo prazo, somos os criadores do nosso destino, de imediato somos escravos das idéias que criamos."
Friedrich A. Hayek
..
Sugestão: coletânia de poesias, leituras, manifestos e entrevistas com os grandes surrealistas:
Surrealism Reviewed 1929-1963
Tracklist:
01 TANGO ARGENTINOS Un Chien Andalou (1928)
02 HERBERT READ The Surrealist Object (1937)
03 MARCEL DUCHAMP The Creative Act (1957)
04 JEAN COCTEAU La Toison D'Or (1929)
05 MAX ERNST Interview (1960s)
06 TRISTAN TZARA Dada Into Surrealism (1959)
07 PHILIPPE SOUPAULT Interview (1959)
08 SALVADOR DALI Interview (1963)
09 MAN RAY Interview (n.d.)
10 LEE MILLER/ROLAND PENROSE Interview (1946)
11 ROBERT DESNOS Description of A Dream (1938)
12 ANDRE BRETON Interview (1950)
13 ANDRE BRETON L'Union Libre (n.d.)
14 LOUIS ARAGON Interview (1963)
15 ANTONIN ARTEAUD Alienation Et Magie Noire (1947)
Sentarei em meu sólio,
solinharei as estruturas vigentes
e imporei meu solipsismo.
Depois, permanecerei solitário,
balbuciando meu solilóquio.
Solitária é a sina dos ditadores solertes.
.
Em tempo:
"Se, a longo prazo, somos os criadores do nosso destino, de imediato somos escravos das idéias que criamos."
Friedrich A. Hayek
..
Sugestão: coletânia de poesias, leituras, manifestos e entrevistas com os grandes surrealistas:
Surrealism Reviewed 1929-1963
Tracklist:
01 TANGO ARGENTINOS Un Chien Andalou (1928)
02 HERBERT READ The Surrealist Object (1937)
03 MARCEL DUCHAMP The Creative Act (1957)
04 JEAN COCTEAU La Toison D'Or (1929)
05 MAX ERNST Interview (1960s)
06 TRISTAN TZARA Dada Into Surrealism (1959)
07 PHILIPPE SOUPAULT Interview (1959)
08 SALVADOR DALI Interview (1963)
09 MAN RAY Interview (n.d.)
10 LEE MILLER/ROLAND PENROSE Interview (1946)
11 ROBERT DESNOS Description of A Dream (1938)
12 ANDRE BRETON Interview (1950)
13 ANDRE BRETON L'Union Libre (n.d.)
14 LOUIS ARAGON Interview (1963)
15 ANTONIN ARTEAUD Alienation Et Magie Noire (1947)
24/07/2003
E s p l a n c n o t o m i a
(Série de três poesias da Lebre, baseadas no poema Congresso Internacional do Medo, de Carlos Drummond de Andrade)
E s p l a n c n o t o m i a 1
Provisoriamente não cantamos o amor, que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantamos o temor, que esteriliza os abraços.
Não cantamos o ódio, pois que esse não existe - existe apenas o medo, nosso pai e companheiro.
O medo grande das liças, dos mares, dos desertos.
O medo dos soldados, das mães, das carolas.
Cantamos o medo dos ditadores, dos democratas, da morte, e do depois da morte.
Morreremos de medo e, sobre nossos túmulos, nascerão flores amarelas.
.
E s p l a n c n o t o m i a 2
Provisoriamente cantamos o amor, que aflorou a despeito das flores amarelas.
Cantamos sem temor, reciclado na memória.
Cantamos a paixão por tudo o que existe - fogo vivo, mãe constituinte.
O amor grande pelos sertões, pelos mares, pelos céus.
O amor das crianças, dos pais, dos velhos.
Cantamos o amor dos amantes, dos cidadãos, pela vida e além-vida.
Morremos de amor e, sobre nossos túmulos, pairarão borboletas.
.
E s p l a n c n o t o m i a 3
Provisoriamente cantamos o silêncio, que pairou com as borboletas.
Não cantamos ilusão, discorrendo a memória.
Cantamos o silêncio que engole o que existe - sério, sério, sério.
O silêncio grande pelos campos, pelos desertos, pelos espaços.
O silêncio das pessoas, dos deuses, dos mistérios.
Cantamos o silêncio dos pobres, dos tristes, da existência e da não-existência.
Morremos aos poucos e, sobre nossos túmulos, haverá silêncio, nada mais.
(Série de três poesias da Lebre, baseadas no poema Congresso Internacional do Medo, de Carlos Drummond de Andrade)
E s p l a n c n o t o m i a 1
Provisoriamente não cantamos o amor, que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantamos o temor, que esteriliza os abraços.
Não cantamos o ódio, pois que esse não existe - existe apenas o medo, nosso pai e companheiro.
O medo grande das liças, dos mares, dos desertos.
O medo dos soldados, das mães, das carolas.
Cantamos o medo dos ditadores, dos democratas, da morte, e do depois da morte.
Morreremos de medo e, sobre nossos túmulos, nascerão flores amarelas.
.
E s p l a n c n o t o m i a 2
Provisoriamente cantamos o amor, que aflorou a despeito das flores amarelas.
Cantamos sem temor, reciclado na memória.
Cantamos a paixão por tudo o que existe - fogo vivo, mãe constituinte.
O amor grande pelos sertões, pelos mares, pelos céus.
O amor das crianças, dos pais, dos velhos.
Cantamos o amor dos amantes, dos cidadãos, pela vida e além-vida.
Morremos de amor e, sobre nossos túmulos, pairarão borboletas.
.
E s p l a n c n o t o m i a 3
Provisoriamente cantamos o silêncio, que pairou com as borboletas.
Não cantamos ilusão, discorrendo a memória.
Cantamos o silêncio que engole o que existe - sério, sério, sério.
O silêncio grande pelos campos, pelos desertos, pelos espaços.
O silêncio das pessoas, dos deuses, dos mistérios.
Cantamos o silêncio dos pobres, dos tristes, da existência e da não-existência.
Morremos aos poucos e, sobre nossos túmulos, haverá silêncio, nada mais.
14/07/2003
Smiling with the Cheshire Cat
- Insetos voam em giros e zigue-zagues tão loucos. Fico imaginando porquê não enjoam e vomitam.
- Talvez eles o façam.
- Argh, nojento! Ha ha ha! Mas então por que continuariam voando desse jeito?
- Talvez insetos gostem de vomitar!
- Aaaargh! Eles gostariam!! Ha ha ha ha! Bargh! Eu lhe digo, Hobbes, é ótimo ter um amigo que aprecia uma séria discussão de idéias.
(Calvin & Hobbes, Bill Watterson)
- Insetos voam em giros e zigue-zagues tão loucos. Fico imaginando porquê não enjoam e vomitam.
- Talvez eles o façam.
- Argh, nojento! Ha ha ha! Mas então por que continuariam voando desse jeito?
- Talvez insetos gostem de vomitar!
- Aaaargh! Eles gostariam!! Ha ha ha ha! Bargh! Eu lhe digo, Hobbes, é ótimo ter um amigo que aprecia uma séria discussão de idéias.
(Calvin & Hobbes, Bill Watterson)
07/07/2003
Linkaram o Surrealismo Dos Atos:
§ André Felipe Ribeiro - publicidade & afins;
§ Ministério do Caos, da Cris Fernandes - imperdível;
§ Postal, da Cris Carriconde - irmã da Lebre, de acordo com o Chapeleiro...;
§ Supply, do Humberto - infelizmente, parece que ele abandonou sua própria causa, recentemente;
§ Versamentos, da Andréa - a Lebre lê tomando chá, obviamente.
Linkado pelo Surrealismo Dos Atos:
§ RITS - Rede de Informações do Terceiro Setor - fique por dentro ds acontecimentos no terceiro setor.
§ André Felipe Ribeiro - publicidade & afins;
§ Ministério do Caos, da Cris Fernandes - imperdível;
§ Postal, da Cris Carriconde - irmã da Lebre, de acordo com o Chapeleiro...;
§ Supply, do Humberto - infelizmente, parece que ele abandonou sua própria causa, recentemente;
§ Versamentos, da Andréa - a Lebre lê tomando chá, obviamente.
Linkado pelo Surrealismo Dos Atos:
§ RITS - Rede de Informações do Terceiro Setor - fique por dentro ds acontecimentos no terceiro setor.
04/07/2003
paella
§ Estou aqui com uma baciona de pinhões cozidos. Veja que coisa súlica e inverneira.
§ É pinhão, sim sinhô. Aquela coisa que aquele passarinho pega não-sei-como e enterra não-sei-onde. Bom, como diria o saudoso Chacrinha, eu não estou aqui para explicar. Estou aqui para confundir
§ E quem já não quis ser Chacrete na infância? Você aí, leitora mais nova, bico calado: estou falando com minhas contemporâneas setentíceas. Conheço até homens que, atualmente, confessam ter tido vontade de ser Chacrete.
§ Quem vê as filmagens das moçoilas hoje nem imagina o sucesso que eram, levemente barangas que eram. Mas era empolgante ver o rebolado ouvindo ao wacca-wacca das guitarrinhas setentícias - e aquelas roupas bregas combinavam perfeitamente. Tinha aquela que fez sucesso e entrou para a história chacrídica, a Não-Sei-Quê Cadillac. Famosa, a tal Não-Sei-Quê Cadillac, quem não lembra dela?
§ Eu tenho um tio que é apaixonado pela Não-Sei-Quê Cadillac. Adoraaava a chacrete. Tinha fotos de Não-Sei-Quê Cadillac em todas as paredes, no teto, no chão. Não-Sei-Quê Cadillac pelada, com roupa, de terno, de escafandro, de tudo-quanto-há possível de Não-Sei-Quê Cadillac. Esse meu tio é hippie até hoje, acredita?
§ Esse meu tio é o feliz possuidor de uma bicicleta modelo 1970 roxa, com buzina de apertar, penduricalhos no guidóm e rádio de carro embutido embaixo do banco - parece uma Harley Davidson humilde. Ele que é feliz. Já foi até a Bahia com a bicicleta (mora no sul de minas).
§ Eu não minto! Meu tio diz que também não mente. Explicaria muita coisa saber se maluquice vem no DNA.
É. Talvez seja esse o meu problema: o maldito DNA.
§ Esse meu amigo diz que talvez eu devesse seguir o exemplo de titio e rodar o mundo numa bicicleta, assim iria acabar descobrindo o que quero. O único inconveniente é que titio não descobriu o que quer até hoje. E olha que já está com 70-e-lá-vai-pedrada. Inferno. Pelo menos é magricelo.
§ Jurei que vou parar de fumar aos 30 anos. Que São Judas Tadeu me ajude.
§ Também jurei que ia entrar na natação, pois adoro ficar de molho. Falhô, São Judas me deu as costas.
§ Por que será que conversa de bar sempre começa com frugalidades e termina com salvar-o-mundo? Minto: nem sempre termina nisso. Na verdade, às vezes nem começa. Depende da companhia. E do lugar, também.
§ Dependendo da companhia, pode ser um monólogo e não uma conversa. E isso é boring. Em outros casos, dependendo do lugar, a conversa termina em briga, em beijo ou em salvar-o-mundo/ artes. Salvar-o-mundo ou artes, de maneira geral, quase sempre ocorrem em algum boteco de Barão Geraldo e adjacências. Estatísticas.
§ Por falar em amiguinhos, domingo tem peça do Badaró no Centro Cultural Evolução, em Campinas, não percam. A peça: 'Ensaios Cênicos Sobre o Amor'. Eu estarei lá com a bolsa cheia de perauvamaçã (essa é pra você, Orley!) e ovo, para tacar nele caso ele falhe ou caso eu não dê risada. Vou lá exclusivamente para dar risada, heim, bom...
§ Eu nasci para dar risada, com minha cara de descanso. E sou palhaça. Devia seguir carreira, abandonar tudo e ser palhaça. Meu sonho é ser Doutora da Alegria. Já te contei isso? Pois é, é verdade. Vida sem riso não é vida; é girar em falso, já diria o parafuso espanado.
§ Isso me lembra quando eu era criança pequena lá em Catmandu. Foi assim: tudo começou com um grande BUM! que foi chamado, posteriormente, 'The Big Bang', ou 'O Grande Bum', para os mais simplórios. No sétimo dia ele descansou e criou eu, com cara de descanso, juntamente com as flores de março (mas isso não foi em março, foi em novembro). Chega por hoje.
§ Estou aqui com uma baciona de pinhões cozidos. Veja que coisa súlica e inverneira.
§ É pinhão, sim sinhô. Aquela coisa que aquele passarinho pega não-sei-como e enterra não-sei-onde. Bom, como diria o saudoso Chacrinha, eu não estou aqui para explicar. Estou aqui para confundir
§ E quem já não quis ser Chacrete na infância? Você aí, leitora mais nova, bico calado: estou falando com minhas contemporâneas setentíceas. Conheço até homens que, atualmente, confessam ter tido vontade de ser Chacrete.
§ Quem vê as filmagens das moçoilas hoje nem imagina o sucesso que eram, levemente barangas que eram. Mas era empolgante ver o rebolado ouvindo ao wacca-wacca das guitarrinhas setentícias - e aquelas roupas bregas combinavam perfeitamente. Tinha aquela que fez sucesso e entrou para a história chacrídica, a Não-Sei-Quê Cadillac. Famosa, a tal Não-Sei-Quê Cadillac, quem não lembra dela?
§ Eu tenho um tio que é apaixonado pela Não-Sei-Quê Cadillac. Adoraaava a chacrete. Tinha fotos de Não-Sei-Quê Cadillac em todas as paredes, no teto, no chão. Não-Sei-Quê Cadillac pelada, com roupa, de terno, de escafandro, de tudo-quanto-há possível de Não-Sei-Quê Cadillac. Esse meu tio é hippie até hoje, acredita?
§ Esse meu tio é o feliz possuidor de uma bicicleta modelo 1970 roxa, com buzina de apertar, penduricalhos no guidóm e rádio de carro embutido embaixo do banco - parece uma Harley Davidson humilde. Ele que é feliz. Já foi até a Bahia com a bicicleta (mora no sul de minas).
§ Eu não minto! Meu tio diz que também não mente. Explicaria muita coisa saber se maluquice vem no DNA.
É. Talvez seja esse o meu problema: o maldito DNA.
§ Esse meu amigo diz que talvez eu devesse seguir o exemplo de titio e rodar o mundo numa bicicleta, assim iria acabar descobrindo o que quero. O único inconveniente é que titio não descobriu o que quer até hoje. E olha que já está com 70-e-lá-vai-pedrada. Inferno. Pelo menos é magricelo.
§ Jurei que vou parar de fumar aos 30 anos. Que São Judas Tadeu me ajude.
§ Também jurei que ia entrar na natação, pois adoro ficar de molho. Falhô, São Judas me deu as costas.
§ Por que será que conversa de bar sempre começa com frugalidades e termina com salvar-o-mundo? Minto: nem sempre termina nisso. Na verdade, às vezes nem começa. Depende da companhia. E do lugar, também.
§ Dependendo da companhia, pode ser um monólogo e não uma conversa. E isso é boring. Em outros casos, dependendo do lugar, a conversa termina em briga, em beijo ou em salvar-o-mundo/ artes. Salvar-o-mundo ou artes, de maneira geral, quase sempre ocorrem em algum boteco de Barão Geraldo e adjacências. Estatísticas.
§ Por falar em amiguinhos, domingo tem peça do Badaró no Centro Cultural Evolução, em Campinas, não percam. A peça: 'Ensaios Cênicos Sobre o Amor'. Eu estarei lá com a bolsa cheia de perauvamaçã (essa é pra você, Orley!) e ovo, para tacar nele caso ele falhe ou caso eu não dê risada. Vou lá exclusivamente para dar risada, heim, bom...
§ Eu nasci para dar risada, com minha cara de descanso. E sou palhaça. Devia seguir carreira, abandonar tudo e ser palhaça. Meu sonho é ser Doutora da Alegria. Já te contei isso? Pois é, é verdade. Vida sem riso não é vida; é girar em falso, já diria o parafuso espanado.
§ Isso me lembra quando eu era criança pequena lá em Catmandu. Foi assim: tudo começou com um grande BUM! que foi chamado, posteriormente, 'The Big Bang', ou 'O Grande Bum', para os mais simplórios. No sétimo dia ele descansou e criou eu, com cara de descanso, juntamente com as flores de março (mas isso não foi em março, foi em novembro). Chega por hoje.
27/06/2003
meia-lebre
Estou em semi-férias, semi-descansando. Com um pé na salmoura, outro no tênis de corrida. Minha cabeça anda semi-inconsciente e minhas orelhas leporinas deram um nó. Se ando pensando pela metade, escrevo só meias-palavras e digo meias-verdades. Contribui para isso meu pular-por-aí: vou pulando por aí, pulando, pulando, pulando, longe do computador. Lembra da minha proposta de ser mais cirenaísta? Poisé, estive longe dela, preciso voltar o quanto antes, sob a pena de tornar-me uma louca furiosa (como diria Alice) - enquanto sou apenas doida, está bom. Deixo um rastro de músicas e obras surrealistas e, quando as pernas permitirem, escrevo algo meu, semi-interessante.
Estou em semi-férias, semi-descansando. Com um pé na salmoura, outro no tênis de corrida. Minha cabeça anda semi-inconsciente e minhas orelhas leporinas deram um nó. Se ando pensando pela metade, escrevo só meias-palavras e digo meias-verdades. Contribui para isso meu pular-por-aí: vou pulando por aí, pulando, pulando, pulando, longe do computador. Lembra da minha proposta de ser mais cirenaísta? Poisé, estive longe dela, preciso voltar o quanto antes, sob a pena de tornar-me uma louca furiosa (como diria Alice) - enquanto sou apenas doida, está bom. Deixo um rastro de músicas e obras surrealistas e, quando as pernas permitirem, escrevo algo meu, semi-interessante.
26/06/2003
Ei, pintassilgo
Oi, pintaroxo
Melro, uirapuru
Ai, chega-e-vira
Engole-vento
Saíra, inhambu
Foge asa-branca
Vai, patativa
Tordo, tuju, tuim
Xô, tié-sangue
Xô, tié-fogo
Xô, rouxinol sem fim
Some, coleiro
Anda, trigueiro
Te esconde colibri
Voa, macuco
Voa, viúva
Utiariti
Bico calado
Toma cuidado
Que o homem vem aí
O homem vem aí
O homem vem aí
Ei, quero-quero
Oi, tico-tico
Anum, pardal, chapim
Xô, cotovia
Xô, ave-fria
Xô, pescador-martim
Some, rolinha
Anda, andorinha
Te esconde, bem-te-vi
Voa, bicudo
Voa, sanhaço
Vai, juriti
Bico calado
Muito cuidado
Que o homem vem aí
O homem vem aí
O homem vem aí
(Passaredo, Chico Buarque de Holanda & Francis Hime)
Pleasure - Renee Magritte
Oi, pintaroxo
Melro, uirapuru
Ai, chega-e-vira
Engole-vento
Saíra, inhambu
Foge asa-branca
Vai, patativa
Tordo, tuju, tuim
Xô, tié-sangue
Xô, tié-fogo
Xô, rouxinol sem fim
Some, coleiro
Anda, trigueiro
Te esconde colibri
Voa, macuco
Voa, viúva
Utiariti
Bico calado
Toma cuidado
Que o homem vem aí
O homem vem aí
O homem vem aí
Ei, quero-quero
Oi, tico-tico
Anum, pardal, chapim
Xô, cotovia
Xô, ave-fria
Xô, pescador-martim
Some, rolinha
Anda, andorinha
Te esconde, bem-te-vi
Voa, bicudo
Voa, sanhaço
Vai, juriti
Bico calado
Muito cuidado
Que o homem vem aí
O homem vem aí
O homem vem aí
(Passaredo, Chico Buarque de Holanda & Francis Hime)
Pleasure - Renee Magritte
23/06/2003
Se você quiser, eu danço com você no pó da estrada
Pó, poeira
Ventania
Se você soltar o pé na estrada
Pó, poeira
Eu danço com você o que você dançar.
Se você deixar o sol bater nos seus cabelos verdes
Sol, sereno
Ouro e prata
Sai e vem comigo
Sol, semente
Madrugada
Eu vivo em qualquer parte do seu coração.
Se você quiser, eu danço com você - meu nome é nuvem
Pó, poiera
Movimento
O meu nome é nuvem
Ventania
Cor de vento
Eu vivo em qualquer parte do seu coração,
Se você deixar o coração bater sem medo.
(Se Você Quiser Eu Danço Com Você, Lô borges)
(Spirit, Anya Nadal)
Pó, poeira
Ventania
Se você soltar o pé na estrada
Pó, poeira
Eu danço com você o que você dançar.
Se você deixar o sol bater nos seus cabelos verdes
Sol, sereno
Ouro e prata
Sai e vem comigo
Sol, semente
Madrugada
Eu vivo em qualquer parte do seu coração.
Se você quiser, eu danço com você - meu nome é nuvem
Pó, poiera
Movimento
O meu nome é nuvem
Ventania
Cor de vento
Eu vivo em qualquer parte do seu coração,
Se você deixar o coração bater sem medo.
(Se Você Quiser Eu Danço Com Você, Lô borges)
(Spirit, Anya Nadal)
PULO AQUI, PULO ACOLÁ
LÁ VEM A LEBRE
PARA VER O QUE QUE HÁ.
SAIU DO SARGAÇO
TOMOU A COSTEIRA
CORREU SEM CANSAÇO
SORRIU SEM DEMORA
PR'O POVO DA AREIA
DIZENDO 'SIMBÓRA'
CORAÇÃO NA GÜELA
TOMOU UM CHAZINHO
DE SIRIGÜELA
CANSADA DA VINDA
ENTROU NO SEU BLOGUE
PRA FALAR DA VIDA.
10/06/2003
Vi, nos olhos do gato, a sua ira.
Crispadas,
suas mãos promoviam o paradoxo do afago.
Retesados, os músculos do felino
pronto para a fuga
denunciavam seu ânimo.
Como o bicho, submeti-me às suas garras,
submisso que sou, por livre vontade,
para meu gozo perigoso, aos seus desejos.
Vejo o seu sorriso vitorioso.
Compraz-me saber que, derrotado,
terei em troca o prazer:
prêmio de consolação,
mais valioso que o do orgulho da vitória.
Prefiro o seu carinho à glória e o seu amuo.
Rendo-me e rio,
um riso íntimo e silencioso
que a expressão não denuncie.
(Rendição, Fred Matos)
Crispadas,
suas mãos promoviam o paradoxo do afago.
Retesados, os músculos do felino
pronto para a fuga
denunciavam seu ânimo.
Como o bicho, submeti-me às suas garras,
submisso que sou, por livre vontade,
para meu gozo perigoso, aos seus desejos.
Vejo o seu sorriso vitorioso.
Compraz-me saber que, derrotado,
terei em troca o prazer:
prêmio de consolação,
mais valioso que o do orgulho da vitória.
Prefiro o seu carinho à glória e o seu amuo.
Rendo-me e rio,
um riso íntimo e silencioso
que a expressão não denuncie.
(Rendição, Fred Matos)
(In the Cat's Mouth, Pangorda)
04/06/2003
últimas:
§ Querem ver como é esta Lebre que vos fala? Tem homenagem ao Surrealismo dos Atos no blog do Linguado, com direito a foto minha e tudo;
§ Vejam o que o meu psyco favorito andou aprontando com o Surrealismo dos Atos.
§ Linkou o Surrealismo: Le Place Absurdo.
§ Querem ver como é esta Lebre que vos fala? Tem homenagem ao Surrealismo dos Atos no blog do Linguado, com direito a foto minha e tudo;
§ Vejam o que o meu psyco favorito andou aprontando com o Surrealismo dos Atos.
§ Linkou o Surrealismo: Le Place Absurdo.
03/06/2003
Esse vai para meu caro Observador, que me lembrou o quanto gosto desta música:
Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela é bonita
Tem um olho sempre a boiar
E outro que agita
Tem um olho que não está
Meus olhares evita
E outro olho a me arregalar
Sua pepita
A metade do seu olhar
Está chamando pra luta, aflita
E metade quer madrugar
Na bodeguita
Se seus olhos eu for cantar
Um seu olho me atura
E outro olho vai desmanchar
Toda a pintura
Ela pode rodopiar
E mudar de figura
A paloma do seu mirar
Virar miúra
É na soma do seu olhar
Que eu vou me conhecer inteiro
Se nasci pra enfrentar o mar
Ou faroleiro
Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela acredita
Tem um olho a pestanejar
E outro me fita
Suas pernas vão me enroscar
Num balé esquisito
Seus dois olhos vão se encontrar
No infinito
Amo tanto e de tanto amar
Em Manágua temos um chico
Já pensamos em nos casar
Em Porto Rico
(Tanto Amar, Chico Buarque de Holanda)
Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela é bonita
Tem um olho sempre a boiar
E outro que agita
Tem um olho que não está
Meus olhares evita
E outro olho a me arregalar
Sua pepita
A metade do seu olhar
Está chamando pra luta, aflita
E metade quer madrugar
Na bodeguita
Se seus olhos eu for cantar
Um seu olho me atura
E outro olho vai desmanchar
Toda a pintura
Ela pode rodopiar
E mudar de figura
A paloma do seu mirar
Virar miúra
É na soma do seu olhar
Que eu vou me conhecer inteiro
Se nasci pra enfrentar o mar
Ou faroleiro
Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela acredita
Tem um olho a pestanejar
E outro me fita
Suas pernas vão me enroscar
Num balé esquisito
Seus dois olhos vão se encontrar
No infinito
Amo tanto e de tanto amar
Em Manágua temos um chico
Já pensamos em nos casar
Em Porto Rico
(Tanto Amar, Chico Buarque de Holanda)
(Galatea, Salvador Dalí)
30/05/2003
Ontem de manhã quando acordei
Olhei a vida e me espantei
E eu tenho mais de vinte anos
Eu tenho mais de mil
Perguntas sem respostas
Estou ligada num futuro blue.
Os meus pais nas minhas costas
As raízes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros
O sangue jorra pelos furos
Pelas veias de um jornal
Eu não te quero
Eu te quero mal.
Esta calma que inventei, bem sei,
Custou as contas que contei
Eu tenho mais de vinte anos
Eu quero as cores e os colírios, meus delírios
Estou ligada num futuro blue
Os meus pais nas minhas costas
As raízes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros.
O sangue jorra pelos furos
Pelas veias de um jornal
Eu não te quero
Eu te quero mal.
(20 Anos Blue, Sueli Costa/ Vitor Martins)
Olhei a vida e me espantei
E eu tenho mais de vinte anos
Eu tenho mais de mil
Perguntas sem respostas
Estou ligada num futuro blue.
Os meus pais nas minhas costas
As raízes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros
O sangue jorra pelos furos
Pelas veias de um jornal
Eu não te quero
Eu te quero mal.
Esta calma que inventei, bem sei,
Custou as contas que contei
Eu tenho mais de vinte anos
Eu quero as cores e os colírios, meus delírios
Estou ligada num futuro blue
Os meus pais nas minhas costas
As raízes na marquise
Eu tenho mais de vinte muros.
O sangue jorra pelos furos
Pelas veias de um jornal
Eu não te quero
Eu te quero mal.
(20 Anos Blue, Sueli Costa/ Vitor Martins)
(Paysage Bleu, Marc Chagall)
29/05/2003
Chá de Tranqueira
§ Lebre e peixe saem para tomar chá. Finalmente, tomei um chá das cinco com minha mui amiga-adorada-idolatrada-salve-salve Peixinha. Tomamos muito chá, fumamos à rodo, conversamos sobre tudo e nada e o meio do caminho, rolamos pra lá e pra cá de tanto rir - e o chão do lugar ficou limpinho depois que saímos de lá, Peixinha?! - foi lindo.
§ BOLACHA WAFER SABOR CHOCOLATE BRANCO?? QUE SIGNIFICA ISSO? Comprei errado. Morango foi o escolhido, mas chocolate branco foi o pêgo. Ai de mim, que não nasci para a brandura do chocolate branco. EU QUERO ESPECIARIAS! VÊ UM WAFER DE PIMENTA POR FAVOR? Sou uma mulher dos extremos.
§ Já foram assistir Matrix? Pois eu ainda não. Eu ainda vou. E vou contar uma coisa para vocês: eu tenho um plano. Vou assistir Matrix vestida de Trinity, para as pessoas olharem para mim, me admirarem, me apontarem na rua e pensarem que saí do filme. O que? Eu sou loira? E daí? As pessoas não vão perceber isso, porque vão pensar exatamente como eu penso. Duvidam que dá certo? É, pode ser que falhe. Mas não terei sido a única a pagar mico: nos cinemas da região, em plena 5ª feira-santa-de-estréia-de-Matrix, os shoppings foram inundados por uma enxurrada de Neos e Trinitys, todos achando que eram os únicos, cheios de caras e bocas. Coragem.
§ Ai, chega. O sono está puxando um fio do meu tecido anímico, já estou quase pelada. E vocês não vão tentar dar uma de Arnaldo, né, tentando me ver assim? Olha aí. Estou bêbada de sono, treinando verdadeira escrita automática - surrealismo na veia! Vou alí, dormir loucamente. Se é que é possível dormir loucamente. 'Vou dormir feito louca, Fulano.' Existe?
§ Lebre e peixe saem para tomar chá. Finalmente, tomei um chá das cinco com minha mui amiga-adorada-idolatrada-salve-salve Peixinha. Tomamos muito chá, fumamos à rodo, conversamos sobre tudo e nada e o meio do caminho, rolamos pra lá e pra cá de tanto rir - e o chão do lugar ficou limpinho depois que saímos de lá, Peixinha?! - foi lindo.
§ BOLACHA WAFER SABOR CHOCOLATE BRANCO?? QUE SIGNIFICA ISSO? Comprei errado. Morango foi o escolhido, mas chocolate branco foi o pêgo. Ai de mim, que não nasci para a brandura do chocolate branco. EU QUERO ESPECIARIAS! VÊ UM WAFER DE PIMENTA POR FAVOR? Sou uma mulher dos extremos.
§ Já foram assistir Matrix? Pois eu ainda não. Eu ainda vou. E vou contar uma coisa para vocês: eu tenho um plano. Vou assistir Matrix vestida de Trinity, para as pessoas olharem para mim, me admirarem, me apontarem na rua e pensarem que saí do filme. O que? Eu sou loira? E daí? As pessoas não vão perceber isso, porque vão pensar exatamente como eu penso. Duvidam que dá certo? É, pode ser que falhe. Mas não terei sido a única a pagar mico: nos cinemas da região, em plena 5ª feira-santa-de-estréia-de-Matrix, os shoppings foram inundados por uma enxurrada de Neos e Trinitys, todos achando que eram os únicos, cheios de caras e bocas. Coragem.
§ Ai, chega. O sono está puxando um fio do meu tecido anímico, já estou quase pelada. E vocês não vão tentar dar uma de Arnaldo, né, tentando me ver assim? Olha aí. Estou bêbada de sono, treinando verdadeira escrita automática - surrealismo na veia! Vou alí, dormir loucamente. Se é que é possível dormir loucamente. 'Vou dormir feito louca, Fulano.' Existe?
27/05/2003
múltiplapersonalidade
- Deve ter alguma coisa aqui...
- Nop, não tem nada.
- ...espera, que tá emperrado...
- Poisé. Emperrado é a palavra-chave.
- ...abriu! Ave, que escuridão, dá uma luz aí.
- Então, né... Nada de brilhante.
- Acender um fósforo... Xi...! Mas tá completamente vazio!
- Poisé. O que foi que eu disse?
- Olha, tem umas coisas aqui, neste canto de cá.
- ...
- 'Semiótica'? 'Teoria da comunicação de Umberto Eco'? Que é isso?
- Prova ontem. Estudei feito louca. Fora isso, não há mais nada.
- Ah, não é possível...
- É bem possível. Acontece nas melhores cabeças.
- Puta merda...
- Deve ter alguma coisa aqui...
- Nop, não tem nada.
- ...espera, que tá emperrado...
- Poisé. Emperrado é a palavra-chave.
- ...abriu! Ave, que escuridão, dá uma luz aí.
- Então, né... Nada de brilhante.
- Acender um fósforo... Xi...! Mas tá completamente vazio!
- Poisé. O que foi que eu disse?
- Olha, tem umas coisas aqui, neste canto de cá.
- ...
- 'Semiótica'? 'Teoria da comunicação de Umberto Eco'? Que é isso?
- Prova ontem. Estudei feito louca. Fora isso, não há mais nada.
- Ah, não é possível...
- É bem possível. Acontece nas melhores cabeças.
- Puta merda...
26/05/2003
Todo anjo tem um pecado oculto doutro lado da eternidade
o céu recreia iluminuras nebulosas que cantam
mensagens celestiais de fama imorredoura,
gotas de harmonia no cérebro extasiado.
Interpretação da trilha universal
roteiros subjetivos do indivíduo
alucinações de prantos redimidos do mistério
asas absurdas nas costas da imaginação.
Um subúrbio em cada morte!
Um mundo em cada sorte!
Um vício em cada canto!
Um pestanejar selvagem de raro espanto!
Nas costas das asas imaginárias
alucinações redimidas de prantos misteriosos
e o indivíduo do retalho subjetivo inventa
uma trilha universal de versíferos coeternos.
Gotas de cérebro no silêncio absoluto
morfina hipnótica que codifica os olhos
iluminuras nebulosas inventam céus paranóicos
na eternidade oculta doutro lado do avesso.
(Avesso, Majarti)
o céu recreia iluminuras nebulosas que cantam
mensagens celestiais de fama imorredoura,
gotas de harmonia no cérebro extasiado.
Interpretação da trilha universal
roteiros subjetivos do indivíduo
alucinações de prantos redimidos do mistério
asas absurdas nas costas da imaginação.
Um subúrbio em cada morte!
Um mundo em cada sorte!
Um vício em cada canto!
Um pestanejar selvagem de raro espanto!
Nas costas das asas imaginárias
alucinações redimidas de prantos misteriosos
e o indivíduo do retalho subjetivo inventa
uma trilha universal de versíferos coeternos.
Gotas de cérebro no silêncio absoluto
morfina hipnótica que codifica os olhos
iluminuras nebulosas inventam céus paranóicos
na eternidade oculta doutro lado do avesso.
(Avesso, Majarti)
(Claude Cahun)
23/05/2003
Armários abertos trazem boa sorte.
Dar dentes extraídos para cães roerem traz boa sorte.
Ver um oficial de exército dá azar;
segure seu nariz até que ele termine de passar.
Guarde as espinhas de uma sardinha que você tenha comido durante um ano,
para garantir que não terá preocupações com dinheiro.
Olhe para o outro lado quando passar na frente de uma lavanderia,
ou terá má sorte.
Quando avistar uma bandeira, dê as costas e cuspa,
para evitar o mau-olhado.
Para boa sorte, quebre os palitos de dentes antes de usar.
Ao passar por uma delegacia, espirre bem forte para evitar infortúnio.
(Novas Superstições, Benjamin Peret)
Dar dentes extraídos para cães roerem traz boa sorte.
Ver um oficial de exército dá azar;
segure seu nariz até que ele termine de passar.
Guarde as espinhas de uma sardinha que você tenha comido durante um ano,
para garantir que não terá preocupações com dinheiro.
Olhe para o outro lado quando passar na frente de uma lavanderia,
ou terá má sorte.
Quando avistar uma bandeira, dê as costas e cuspa,
para evitar o mau-olhado.
Para boa sorte, quebre os palitos de dentes antes de usar.
Ao passar por uma delegacia, espirre bem forte para evitar infortúnio.
(Novas Superstições, Benjamin Peret)
(I Am We, James W. Sebor)
Você já conheceu o Surrealismo nas artes plásticas - eu diria que 75% das obras apresentadas neste site são surrealistas, assim como já disponibilizei, igualmente, imagens de algumas esculturas. Já dei algumas indicações de Surrealismo no cinema. Recentemente, introduzi-lhe o Surrealismo na fotografia - basta que desça ao post anterior e ao do sábado passado, dia 17 de maio, para admirar dois belos exemplares. Os textos de escrita automática e literatura surrealista, você já conhece desde o começo deste blog, assim como vários trabalhos de designers surrealistas. Creio que só ficou faltando o surrealismo na arquitetura, na culinária e na música.
Para diminuir esta dívida com meus curiosos leitores, dedico este post à música.
Música e Surrealismo
Quais músicas surrealistas você conhece?
Nenhuma?
Hmmm... Acho que é aí que você se engana. Existem algumas músicas muito populares que recebem a classificação de surrealistas. Já ouviu o Boléro, de Maurice Ravel? Esta é a mais popular do estilo - difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido o famoso Bolero de Ravel. Além dela temos Assim Falou Zaratustra (Also Sprach Zarathustra), de Strauss, a Sinfonia N.º 1 (Symphonie N.º 1), de Honegger e outras tantas.
Surpreso?
Eu sei que alguns leitores travaram na parte do texto em que menciono ‘Bolero de Ravel’. "Tanto tempo ouvindo essa música, como nunca soube que é surrealista? Essa lebre deveria parar de falar incongruências e ir roer uma cenoura, cavar um buraco..."
Simples, meu caro - vou explicar tudinho para o senhor, mastigar o conceito e regurgitar na sua boca, relaxe e acompanhe...
Da mesma maneira que classificamos um quadro ou um texto como surrealista, podemos classificar uma música. Ela não precisa ter nascido junto com o movimento surrealista, na época exata de Breton e Dalí. Textos, pinturas e músicas surrealistas são produzidos até hoje; o estilo não morre, ele apenas classifica. Muitas pessoas não entendem exatamente quais conceitos definem uma escultura ou um quadro como sendo surreal - mesmo sendo as artes plásticas a modalidade mais conhecida e alardeada do estilo - apenas têm uma vaga intuição de que tais obras recebam este nome, só de bater o olho. Se assim ocorre com pinturas, que são concretas, palpáveis, imagine o que acontece com a música, que é muito mais sutil e requer muitos outros conhecimentos que vão além do que é visível... As pessoas apenas ouvem, sentem, gostam e pronto.
Então...
Como posso classificar uma música como surrealista? Conceitos
O Surrealismo foi um dos mais importantes movimentos do século XX. Baseia-se no princípio de que a imaginação não deve ter amarras e prima pela busca da centelha da poesia, pelas entrelinhas do inconsciente que margeiam o cotidiano e o lugar comum.
Junto com o Surrealismo, surgiu uma nova era na música, com grande força de impacto e disseminação, na primeira parte do século XX: uma era futurista. Apesar de não ter existido uma escola unificada do surrealismo para a música, muitos compositores do início da década de 20 até o fim dos anos 40 exploraram temas de examinância do fantástico, do onírico e do subconsciente, da mesma forma que os artistas e intelectuais daquela época. E estes resultados mudaram a história.
Sonoramente falando, este é um tipo de música evocativo, provocativo, forte e temperamental, mas que, geralmente, mantém um senso melódico e uma referência honesta à tradição clássica.
Para saciar totalmente a sua curiosidade, deixo aqui a sugestão de uma boa coletânea do gênero surreal:
Music of Surrealism - Desire Unbound
(Na capa do CD: Os Amantes, de René Magritte.)
Tracks:
Dedico o post de hoje ao meu estimado leitor Linguado - aficcionado por surrealismo submarino e filé marinado nas horas vagas. Um abraço, peixão!
Para diminuir esta dívida com meus curiosos leitores, dedico este post à música.
Música e Surrealismo
Quais músicas surrealistas você conhece?
Nenhuma?
Hmmm... Acho que é aí que você se engana. Existem algumas músicas muito populares que recebem a classificação de surrealistas. Já ouviu o Boléro, de Maurice Ravel? Esta é a mais popular do estilo - difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido o famoso Bolero de Ravel. Além dela temos Assim Falou Zaratustra (Also Sprach Zarathustra), de Strauss, a Sinfonia N.º 1 (Symphonie N.º 1), de Honegger e outras tantas.
Surpreso?
Eu sei que alguns leitores travaram na parte do texto em que menciono ‘Bolero de Ravel’. "Tanto tempo ouvindo essa música, como nunca soube que é surrealista? Essa lebre deveria parar de falar incongruências e ir roer uma cenoura, cavar um buraco..."
Simples, meu caro - vou explicar tudinho para o senhor, mastigar o conceito e regurgitar na sua boca, relaxe e acompanhe...
Da mesma maneira que classificamos um quadro ou um texto como surrealista, podemos classificar uma música. Ela não precisa ter nascido junto com o movimento surrealista, na época exata de Breton e Dalí. Textos, pinturas e músicas surrealistas são produzidos até hoje; o estilo não morre, ele apenas classifica. Muitas pessoas não entendem exatamente quais conceitos definem uma escultura ou um quadro como sendo surreal - mesmo sendo as artes plásticas a modalidade mais conhecida e alardeada do estilo - apenas têm uma vaga intuição de que tais obras recebam este nome, só de bater o olho. Se assim ocorre com pinturas, que são concretas, palpáveis, imagine o que acontece com a música, que é muito mais sutil e requer muitos outros conhecimentos que vão além do que é visível... As pessoas apenas ouvem, sentem, gostam e pronto.
Então...
Como posso classificar uma música como surrealista? Conceitos
O Surrealismo foi um dos mais importantes movimentos do século XX. Baseia-se no princípio de que a imaginação não deve ter amarras e prima pela busca da centelha da poesia, pelas entrelinhas do inconsciente que margeiam o cotidiano e o lugar comum.
Junto com o Surrealismo, surgiu uma nova era na música, com grande força de impacto e disseminação, na primeira parte do século XX: uma era futurista. Apesar de não ter existido uma escola unificada do surrealismo para a música, muitos compositores do início da década de 20 até o fim dos anos 40 exploraram temas de examinância do fantástico, do onírico e do subconsciente, da mesma forma que os artistas e intelectuais daquela época. E estes resultados mudaram a história.
Sonoramente falando, este é um tipo de música evocativo, provocativo, forte e temperamental, mas que, geralmente, mantém um senso melódico e uma referência honesta à tradição clássica.
Para saciar totalmente a sua curiosidade, deixo aqui a sugestão de uma boa coletânea do gênero surreal:
Music of Surrealism - Desire Unbound
1. Darius Milhaud - LE CARNAVAL D'AIX FOR PIANO & ORCHESTRA - mvmts. 1-4 (6:32)
2. Bela Bartók - CONCERTO FOR ORCHESTRA - Giuoco delle Coppie (6:40)
3. Maurice Ravel - BOLÉRO (13:35)
4. Richard Strauss - ALSO SPRACH ZARATHUSTRA - Introduction (1:40)
5. Louis Durey - SONATINE OP. 25 - Assez animé (3:15)
6. Francis Poulenc - CONCERTO FOR 2 PIANOS IN D MINOR - Finale (5:54)
7. Erik Satie - RELÂCHE - Acte 1 (8:48)
8. Arthur Honegger - SYMPHONIE NO. 1 - Allego marcato(5:55)
9. Germaine Tailleferre - SONATA FOR VIOLIN & PIANO - Scherzo (3:26)
Dedico o post de hoje ao meu estimado leitor Linguado - aficcionado por surrealismo submarino e filé marinado nas horas vagas. Um abraço, peixão!
21/05/2003
Era e não era,
imagina vancês,
eu andava viajâno,
eu andava corrêno o mundo.
Mas um dia,
pra um fim de surpresa,
arrecebia uma triste nova:
meu pai ia pra cova
e eu ia nascê.
Aquilo era estúpido,
mas o que fazê?
Saí numa disparada,
mas vortei.
Vortei pra trás.
No caminho eu perdi uma capa,
uma capa que eu não levava.
Mas, assim mesmo, valeu:
topei cuma árvore de figo
carregadinha de pêssego maduro.
Trepei por ela em riba
e destampei a comê maçã.
Nisso, veio o dono do feijoá e gritô:
'Ô, tinhoso,
como se atreve a apanhá pimentão mangaritibuxa?'
Eu ia arrespondê,
mas o danado agarrô num moio de repôio
e me sentô na testa.
Ô, festa!
Me esbandaiô o joêio.
(Poesia do Jeca, que me foi ensinada pelo meu pai, em 1979. Daí, talvez, tenha vindo meu fascínio pelo surrealismo...)
imagina vancês,
eu andava viajâno,
eu andava corrêno o mundo.
Mas um dia,
pra um fim de surpresa,
arrecebia uma triste nova:
meu pai ia pra cova
e eu ia nascê.
Aquilo era estúpido,
mas o que fazê?
Saí numa disparada,
mas vortei.
Vortei pra trás.
No caminho eu perdi uma capa,
uma capa que eu não levava.
Mas, assim mesmo, valeu:
topei cuma árvore de figo
carregadinha de pêssego maduro.
Trepei por ela em riba
e destampei a comê maçã.
Nisso, veio o dono do feijoá e gritô:
'Ô, tinhoso,
como se atreve a apanhá pimentão mangaritibuxa?'
Eu ia arrespondê,
mas o danado agarrô num moio de repôio
e me sentô na testa.
Ô, festa!
Me esbandaiô o joêio.
(Poesia do Jeca, que me foi ensinada pelo meu pai, em 1979. Daí, talvez, tenha vindo meu fascínio pelo surrealismo...)
British Food, Paul Biddle
20/05/2003
Da hora do banho
Lebres tomam banho, não pensem vocês que não. Com muita água, muitos sais, esponjinha, sabonete, óleos, et cétera e tal. Entramos rastejantes, agonizando, pedindo 'uma água quente, por caridade...', e saímos flutuando em bolhas cor-de-rosa, ao som de Fly Me To The Moon. E todo dia tomo banho, não é ostentação. Sou quase uma lebre-do-mar.
(a lebre-do-mar)
Hoje, como todos os dias, fui ao meu banho. Naquele estado em que as lebres-do-mar ficam quando estão longe da água: murchinha e beirando o desfalecimento. Tamanha era a vontade de sentir gota por gota das gotas do meu chuveirinho. Arrastando a barriga no chão, deixando o rastro de lesma para trás, fui, belos movimentos contráteis, até o banheiro.
Só o fato de estar perto do box de banho já me animou a tirar a roupa. Não, não pensem numa coisa sensual. Estava com muita pressa, de modo que a blusa saiu pelos pés e a calça, pela cabeça. As peças iam caindo no chão, desmazeladas. "Nem confiança para elas! Que se lixe, quero mais é mesbaldááá! Pro diabo com os tênis TUF! TUF!"
A afobação faz isso com as pessoas. Tudo bem: com as pessoas que amam a arte do banho.
Exatamente como vim ao mundo, já começava a ouvir Frank Sinatra. Passei a mão nas minhas 2 toalhas (é verdade, uso duas: uma para o corpo, outra para enrolar as orelhas, que ficam pingando nas costas) e entrei no box. Liguei a água morninha: "ahhh... Que maravilha...! O mundo já pode acabar." E estou assim, quase entrando em alfa, beta, gama, delta e todas as outras letras estrangeiras, quando, olhando para a janela do 2º andar, o que eu vejo?
?
ARNALDO.
(pausa dramática)
(fim da pausa dramática) Ele mesmo, o Arnaldo. Acontece que minha casa está em reformas, cheia de pedreiros para todos os lados, batendo, furando, lixando, comendo, pintando e tudo mais que os pedreiros fazem.
E o Arnaldo é um deles.
Arnaldo, o incumbido de limpar as calhas.
Arnaldo e aquela escadona horrorosa dele.
Arnaldo e aquela carinha de cearense, e aquela voz engraçada, e aquele chapeuzinho de couro dele.
O ARNALDO E AQUELA MALDITA CALHA!
Com tanta calha no mundo - e, inclusive, em volta da minha casa tem muita calha - ele decidiu limpar, justamente, a que passa na frente da janela do banheiro. Por sorte, a janela é alta, e tudo o que ele pôde vislumbrar foi minha cabecinha feliz e espumante. Mas e o susto? E vai que Arnaldo decide que altitude pouca é bobagem e resolve subir uns degraus?
Não tive dúvida: bolhas desprendendo da cabeça, toalhinha enrolada e cara roxa de raiva, abri a janela e botei meu dedinho nervoso para fora:
- Oi, Cstchâni, como vai? (Arnaldo falando.)
- (dedinho em riste) VOCÊ NÃO DECIDIU COMEÇAR A LIMPAR JUSTAMENTE POR ESTA CALHA, NÃO, NÉ ARNALDO???????
- (Arnaldo, alheio ao meu dedinho, às bolinhas de sabão da minha cabeça e aos meus gritos) Hehe... Vamo trabaiá, né?
- (dedinho que, de tão em riste, já tremia) VOCÊ NÃO PODE LIMPAR ESSA DAQUI AGORA, ARNALDO! ESSA NÃO, NÉ, ARNALDO??
- É, uai, Cstchâni... Essa calha daqui, hehehehehe... (calmamente pegando um martelinho.)
- (mão espalmada) MAS ESCUTA AQUI, ARNALDO, VC NÃO 'TÁ VENDO A FUMAÇONA DE ÁGUA SAINDO DESSA JANELA, ARNALDO? DA JANELA DO MEU BANHEIRO, ARNALDO?
- Ah, num tem pobrema, viu, acho qu'éla num chega na calha não... (tóim!?)
- O PROBLEMA, ARNALDO, É QUE EU ESTOU USANDO MEU BANHEIRO, ENTENDE?? (mão fechada, golpeando no ar.)
- Ah, 'tá ocupada aí? (titím! - barulho da ficha de Arnaldo caindo) 'Tá tomâno banho? AH, VOCÊ 'TÁ PELADA??(essa última, para todos os pedreiros ouvirem.)
- 'TOU, ARNALDO! (mão tentando acertar a escada, para causar um pequeno acidente ao Arnaldo), SAI DAQUI COM ESSA ESCADA, ARNALDO!
Lebres tomam banho, não pensem vocês que não. Com muita água, muitos sais, esponjinha, sabonete, óleos, et cétera e tal. Entramos rastejantes, agonizando, pedindo 'uma água quente, por caridade...', e saímos flutuando em bolhas cor-de-rosa, ao som de Fly Me To The Moon. E todo dia tomo banho, não é ostentação. Sou quase uma lebre-do-mar.
Hoje, como todos os dias, fui ao meu banho. Naquele estado em que as lebres-do-mar ficam quando estão longe da água: murchinha e beirando o desfalecimento. Tamanha era a vontade de sentir gota por gota das gotas do meu chuveirinho. Arrastando a barriga no chão, deixando o rastro de lesma para trás, fui, belos movimentos contráteis, até o banheiro.
Só o fato de estar perto do box de banho já me animou a tirar a roupa. Não, não pensem numa coisa sensual. Estava com muita pressa, de modo que a blusa saiu pelos pés e a calça, pela cabeça. As peças iam caindo no chão, desmazeladas. "Nem confiança para elas! Que se lixe, quero mais é mesbaldááá! Pro diabo com os tênis TUF! TUF!"
A afobação faz isso com as pessoas. Tudo bem: com as pessoas que amam a arte do banho.
Exatamente como vim ao mundo, já começava a ouvir Frank Sinatra. Passei a mão nas minhas 2 toalhas (é verdade, uso duas: uma para o corpo, outra para enrolar as orelhas, que ficam pingando nas costas) e entrei no box. Liguei a água morninha: "ahhh... Que maravilha...! O mundo já pode acabar." E estou assim, quase entrando em alfa, beta, gama, delta e todas as outras letras estrangeiras, quando, olhando para a janela do 2º andar, o que eu vejo?
ARNALDO.
(pausa dramática)
(fim da pausa dramática) Ele mesmo, o Arnaldo. Acontece que minha casa está em reformas, cheia de pedreiros para todos os lados, batendo, furando, lixando, comendo, pintando e tudo mais que os pedreiros fazem.
E o Arnaldo é um deles.
Arnaldo, o incumbido de limpar as calhas.
Arnaldo e aquela escadona horrorosa dele.
Arnaldo e aquela carinha de cearense, e aquela voz engraçada, e aquele chapeuzinho de couro dele.
O ARNALDO E AQUELA MALDITA CALHA!
Com tanta calha no mundo - e, inclusive, em volta da minha casa tem muita calha - ele decidiu limpar, justamente, a que passa na frente da janela do banheiro. Por sorte, a janela é alta, e tudo o que ele pôde vislumbrar foi minha cabecinha feliz e espumante. Mas e o susto? E vai que Arnaldo decide que altitude pouca é bobagem e resolve subir uns degraus?
Não tive dúvida: bolhas desprendendo da cabeça, toalhinha enrolada e cara roxa de raiva, abri a janela e botei meu dedinho nervoso para fora:
- Oi, Cstchâni, como vai? (Arnaldo falando.)
- (dedinho em riste) VOCÊ NÃO DECIDIU COMEÇAR A LIMPAR JUSTAMENTE POR ESTA CALHA, NÃO, NÉ ARNALDO???????
- (Arnaldo, alheio ao meu dedinho, às bolinhas de sabão da minha cabeça e aos meus gritos) Hehe... Vamo trabaiá, né?
- (dedinho que, de tão em riste, já tremia) VOCÊ NÃO PODE LIMPAR ESSA DAQUI AGORA, ARNALDO! ESSA NÃO, NÉ, ARNALDO??
- É, uai, Cstchâni... Essa calha daqui, hehehehehe... (calmamente pegando um martelinho.)
- (mão espalmada) MAS ESCUTA AQUI, ARNALDO, VC NÃO 'TÁ VENDO A FUMAÇONA DE ÁGUA SAINDO DESSA JANELA, ARNALDO? DA JANELA DO MEU BANHEIRO, ARNALDO?
- Ah, num tem pobrema, viu, acho qu'éla num chega na calha não... (tóim!?)
- O PROBLEMA, ARNALDO, É QUE EU ESTOU USANDO MEU BANHEIRO, ENTENDE?? (mão fechada, golpeando no ar.)
- Ah, 'tá ocupada aí? (titím! - barulho da ficha de Arnaldo caindo) 'Tá tomâno banho? AH, VOCÊ 'TÁ PELADA??(essa última, para todos os pedreiros ouvirem.)
- 'TOU, ARNALDO! (mão tentando acertar a escada, para causar um pequeno acidente ao Arnaldo), SAI DAQUI COM ESSA ESCADA, ARNALDO!
17/05/2003
Pela pele tola
o rastro impuro
de minha presença ambígua.
Sob os cílios imundos,
os silêncios parcos
de meu corpo desfeito.
Entre as pernas suplicantes,
úmidos vestígios
do beijo incontido.
Mãos adentro,
meu cio irrefletido
estupra a solidão
de seu afago.
(Agostina Akeme Sasaoka, Marcas)
(Alessandro Bavari, Birsa Symposium)
_________________
Em tempo:
Dois vivas ao mau humor:
Do Estelionato e Outras Fraudes, do descrente 171;
Lanterna de Diógenes, do azedo Caco.
o rastro impuro
de minha presença ambígua.
Sob os cílios imundos,
os silêncios parcos
de meu corpo desfeito.
Entre as pernas suplicantes,
úmidos vestígios
do beijo incontido.
Mãos adentro,
meu cio irrefletido
estupra a solidão
de seu afago.
(Agostina Akeme Sasaoka, Marcas)
(Alessandro Bavari, Birsa Symposium)
Em tempo:
Dois vivas ao mau humor:
16/05/2003
Ouvindo agora: Tom Jobim.
Sabiá (inglês)
Olha Maria (instrumental)
_____________
Esse baixel nas praias derrotado
Foi nas ondas Narciso presumido;
Esse farol nos céus escurecido
Foi do monte libré, gala do prado.
Esse nácar em cinzas desatado
Foi vistoso pavão de Abril florido;
Esse Estio em Vesúvios encendido
Foi Zéfiro suave, em doce agrado.
Se a nau, o Sol, a rosa, a Primavera
Estrago, eclipse, cinza, ardor cruel
Sentem nos auges de um alento vago,
Olha, cego mortal, e considera
Que és rosa, Primavera, Sol, baixel,
Para ser cinza, eclipse, incêndio, estrago.
(Francisco de Vasconcelos (1665-1723), Fenix Renascida III)
(St. Michel, Eclipse)
Contribuição poética:
Dia após dia rasga o céu negro cometa
Meu coração batuca ao sol d'anti-matéria
Lusco no fusco de africânica Sibéria
Festa que escorre em sumo as frestas do planeta.
Do núcleo ardente à longa calda ensolarada
Noite após noite, meio-dia, a céu aberto
Quero-te a raça, mon amour, tê-la por perto
Tinge-me duma sintilante Madrugada.
Que tua cor me corresponda à flor da pele
Se tanto enfim me conceder o engenho e arte
Roubo-te o coração, deusa da minha rua.
Presumo apenas o melhor, madamoisele
Se não puder preta, por ti, chegar a Marte
Me refugio no lado escuro da Lua.
(Carlos Saraiva, sem título)
Sabiá (inglês)
Olha Maria (instrumental)
Esse baixel nas praias derrotado
Foi nas ondas Narciso presumido;
Esse farol nos céus escurecido
Foi do monte libré, gala do prado.
Esse nácar em cinzas desatado
Foi vistoso pavão de Abril florido;
Esse Estio em Vesúvios encendido
Foi Zéfiro suave, em doce agrado.
Se a nau, o Sol, a rosa, a Primavera
Estrago, eclipse, cinza, ardor cruel
Sentem nos auges de um alento vago,
Olha, cego mortal, e considera
Que és rosa, Primavera, Sol, baixel,
Para ser cinza, eclipse, incêndio, estrago.
(Francisco de Vasconcelos (1665-1723), Fenix Renascida III)
(St. Michel, Eclipse)
Contribuição poética:
Dia após dia rasga o céu negro cometa
Meu coração batuca ao sol d'anti-matéria
Lusco no fusco de africânica Sibéria
Festa que escorre em sumo as frestas do planeta.
Do núcleo ardente à longa calda ensolarada
Noite após noite, meio-dia, a céu aberto
Quero-te a raça, mon amour, tê-la por perto
Tinge-me duma sintilante Madrugada.
Que tua cor me corresponda à flor da pele
Se tanto enfim me conceder o engenho e arte
Roubo-te o coração, deusa da minha rua.
Presumo apenas o melhor, madamoisele
Se não puder preta, por ti, chegar a Marte
Me refugio no lado escuro da Lua.
(Carlos Saraiva, sem título)
14/05/2003
De que me serve fugir
De morte, dor e perigo,
Se me eu levo comigo?
Tenho-me persuadido,
Por razão conveniente,
Que não posso ser contente,
Pois que pude ser nascido.
Anda sempre tão unido
O meu tormento comigo,
Que eu mesmo sou meu perigo.
E, se de mi me livrasse,
Nenhum gosto me seria.
Quem, não sendo eu, não teria
Mal que esse bem me tirasse?
Força é logo que assim passe:
Ou com desgosto comigo,
Ou sem gosto e sem perigo.
(Luís Vaz de Camões, Tenho-me Persuadido)
Em tempo:
"A liberdade jamais significou licença para se fazer qualquer coisa, à vontade."
(Mahatma Ghandi)
"As pessoas são, em geral, tão felizes quanto decidem ser."
(Abraham Lincoln)
"Não importa o quão difícil tenha sido o passado. Podemos sempre recomeçar."
(J. Kornfield)
De morte, dor e perigo,
Se me eu levo comigo?
Tenho-me persuadido,
Por razão conveniente,
Que não posso ser contente,
Pois que pude ser nascido.
Anda sempre tão unido
O meu tormento comigo,
Que eu mesmo sou meu perigo.
E, se de mi me livrasse,
Nenhum gosto me seria.
Quem, não sendo eu, não teria
Mal que esse bem me tirasse?
Força é logo que assim passe:
Ou com desgosto comigo,
Ou sem gosto e sem perigo.
(Luís Vaz de Camões, Tenho-me Persuadido)
Max Dupain, Doll’s Head & Goat Skull - 1935
Em tempo:
"A liberdade jamais significou licença para se fazer qualquer coisa, à vontade."
(Mahatma Ghandi)
"As pessoas são, em geral, tão felizes quanto decidem ser."
(Abraham Lincoln)
"Não importa o quão difícil tenha sido o passado. Podemos sempre recomeçar."
(J. Kornfield)
13/05/2003
12/05/2003
Presentinho enviado por Majarti:
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente
Por a alma não ter raízes
De viver de ver sómente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E da ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem
O resto é só terra e céu.
Tenho dó das estrêlas
Luzindo há tanto tempo,
Há tanto tempo...
Tenho dó delas.
Não haverá um cansaço
Das coisas
De tôdas as coisas,
Como das pernas ou de um braço?
De um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir...
Não haverá, enfim,
Para as coisas que são,
Não a morte, mas sim
Uma outra espécie de fim,
Ou uma grande razão -
Qualquer coisa assim
Como um perdão?
(Fernando Pessoa)
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente
Por a alma não ter raízes
De viver de ver sómente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E da ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem
O resto é só terra e céu.
Tenho dó das estrêlas
Luzindo há tanto tempo,
Há tanto tempo...
Tenho dó delas.
Não haverá um cansaço
Das coisas
De tôdas as coisas,
Como das pernas ou de um braço?
De um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir...
Não haverá, enfim,
Para as coisas que são,
Não a morte, mas sim
Uma outra espécie de fim,
Ou uma grande razão -
Qualquer coisa assim
Como um perdão?
(Fernando Pessoa)
09/05/2003
Brainstorming
Tio Towelie: ...
Cris: Tenho dó dos albaneses...
Tio Towelie: E dos bosníaco???
Cris: Tamém!
Tio Towelie:
Cris:
Tio Towelie: Eles passam dias e dias sem tomá milkshake de strawberry do macdonaldo!
Cris: Eles não consome meias Lupo!
Tio Towelie: Eles não vão ao estádio todo o domingo chingá o juiz de fiadaputa!
Cris: Eles detesta piôio!
Tio Towelie: Eles são barrigudo mas não é nem de cerveja nem de comida!
Cris: Eles tapa os furo das têia das casa com bosta de vaca!
Tio Towelie: Quando chegá fucksgiving eu vô mandá um peru pra eles!
Cris: Eu vou mandá meias Lupo!
Tio Towelie: No deserto não cresce cogumelo e lá não tem peyote nem mescal nem nescau!
Cris: Na páscoa eles come é os coêio!
Tio Towelie: Só que eu só choro una lacrima:
Cris: ...QUÂNO TEM COÊIO!!!
Tio Towelie: Chuif...
Cris:...
Tio Towelie: Aqui não tem Chanel.
Cris:Nem lá!
Tio Towelie: ...
Cris: Tenho dó dos albaneses...
Tio Towelie: E dos bosníaco???
Cris: Tamém!
Tio Towelie:
Cris:
Tio Towelie: Eles passam dias e dias sem tomá milkshake de strawberry do macdonaldo!
Cris: Eles não consome meias Lupo!
Tio Towelie: Eles não vão ao estádio todo o domingo chingá o juiz de fiadaputa!
Cris: Eles detesta piôio!
Tio Towelie: Eles são barrigudo mas não é nem de cerveja nem de comida!
Cris: Eles tapa os furo das têia das casa com bosta de vaca!
Tio Towelie: Quando chegá fucksgiving eu vô mandá um peru pra eles!
Cris: Eu vou mandá meias Lupo!
Tio Towelie: No deserto não cresce cogumelo e lá não tem peyote nem mescal nem nescau!
Cris: Na páscoa eles come é os coêio!
Tio Towelie: Só que eu só choro una lacrima:
Cris: ...QUÂNO TEM COÊIO!!!
Tio Towelie: Chuif...
Cris:...
Tio Towelie: Aqui não tem Chanel.
Cris:Nem lá!
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